Crítica

[Crítica – Mostra SP 2015] Quero Falar Com o Gerente (2015)

No documentário Quero Falar Com o Gerente, com direção de Hannes Lang, a questão da transição de paradigma econômico por que passam diversos países e transformações geopolíticas são abordadas, ou ao menos tenta-se abordá-las. O filme se inicia com um persongam nos contando acerca dessas mudanças. Descobrimos que ele está numa favela (talvez na Índia, talvez na Venezuela) com a movimentação da câmera; ao subir mais podemos ver o contraste que há ao s revelarem modrnos prédios de um distrito comercial. O filme vai falar de desigualdade econômica.




Talvez o principal problema do filme seja não se assumir ideologicamente, mesmo que indique aqui e ali sua propensão de crítica ao capital. Ademais,  intenção que forjar correlação entre os lugares apresentados parece não se realizar em nenhum momento. Vemos uma Bolívia esquecida por deus, trabalhadores tentando separar algum minério da terra a partir de um programa governamental que lhes proporcionou algum sustento.

Depois, na China, percebemos como o país tenta manter o nível de concorrência econômica com seus parceiros mundiais por meio de programas de excelência de qualidade. Isso é contrastado com avida de um casal – não fica absolutamente claro porque eles são mostrados, nenhum outro país obteve o mesmo tipo de recorte. A vida do casal, o documentário parece sugerir, não se beneficiou dos avanços materiais e desenvolvimento pelos quais a China passou nas últimas décadas. Eles jantam, algo entediados, num restaurante enquanto desistem dos planos de sair à noite.

Na Tailândia, acompanhamos uma casa de repouso onde as funcionárias desenvolveram relação de afeto verdadeira com os pacientes. Tudo é muito triste e próximo da morte, fazendo oposição ao que sentem as funcionárias. Uma delas chora ao confessar que tem medo que o seu paciente morra, sente que está cuidando do pai. Antes, descobrimos que aquele asilo situa-se num canto abastado; por se tratar da Tailândia deve ser exceção absoluta poder pagar aquele tipo de tratamento.




Ao tentar encontrar uma linha de padrão que seja para o que vai se desenrolando na tela, passamos da ideia de crise econômica à decadência civilizatória, e depois à dificulde que deve ser desempenhar certos trabalhos até finalmente desistir de tentar encontrar o que relacione um momento ao outro.

O personagem mostrado na cidade de Detroit parece ser o presidente de uma empresa de Criogenia, que se dedica ao congelamento de corpos humanos para que sejam reanimados no futuro. Com efeito, muitas das pessoas presentes na sala de cinema começaram a rir. O retrato é caricato, a justaposição com a cidade de Detroit, filmada provavelmente às cinco da manhã, vazia e devastada, é desajeitadamente manipuladora.

Pior talvez seja o recorte de Pompéia. Turistas – na maioria americanos (são os que mais aparecem contracenando com o personagem italiano) – caminham de um lado ao outro na cidade extinta enquanto um homem vestido de gladiador tenta descolar trocados ao posar para fotos com os turistas. Provavelmente, devemos acreditar que aquele enxame de turistas burros é como uma chuva de cinzas moderna que irá cobrir mais uma vez o que já foi a grande civilização romana.

O documentário é tedioso e pretenso. Sem estabelecer correlação entre seus personagens, locais e situações, estabelece a mera sugestão – explorada à exaustão, quase sempre superficialmente – de que o capital é o culpado pela decadência, seja ela de que ordem for.