[Crítica – Mostra SP 2020] Mamãe, Mamãe, Mamãe (2020)
Mamãe, Mamãe, Mamãe é a estreia Sol Berruezo Pichon-Rivière na direção de filmes e, tirando por esse filme, já criou interesse em mim em continuar acompanhando seu trabalho daqui para frente. É um filme bonito e melancólico, focado em crianças nos papéis principais.
O longa ganhou Menção Especial do Júri da seção Generation Kplus no Festival de Berlim. Vemos a história da adolescente Cleo; sua irmã morreu na piscina de casa e o luto é um tema constante do filme. Além de Cleo e sua mãe, o filme nos apresenta a tia, que cuida da menina, e suas primas, Manuela, Nerina e Leoncia.
É uma idade de descobertas para todas essas meninas e o filme consegue captar isso com sutileza, nos detalhes, com muita delicadeza em cada frame. As meninas lidam com as transformações do corpo, como a primeira menstruação e aprender a beijar usando um tomate, e com o luto – dor especialmente mostrada na mãe, deixando-a alheia das meninas, perdida em si. A mãe de Cleo, em depressão, está incapaz de se relacionar com a filha e as outras meninas. O luto é apenas o ponta pé inicial do filme.

Conseguimos vivenciar com elas cada momento de descoberta, das descobertas da sexualidade, a relação com o coelho, com a morte e as histórias contadas. Todas as atuações estão ótimas. As meninas nos mostram naturalidade em todas as cenas, o que ajuda ainda mais a entrar naquela história. E ainda que o ar melancólico permeie todo o filme, há um toque otimista.
Mamãe, Mamãe, Mamãe tem uma vibe de As Virgens Suicidas, traz uma bela primeira direção, com todas atuações acertadas e belas imagens, melancolia irradiando a cada cena e dosando isso com a inocência das meninas. Luto, amadurecimento, melancolia, autoconhecimento e transformação. É um filme lindo e cheio de sensibilidade. Mais um acerto do cinema argentino.
Mamãe, Mamãe, Mamãe faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online
Menção Especial do Júri da seção Generation Kplus no Festival de Berlim. O filme também foi exibido no Festival de San Sebastián
