[Crítica] Jurassic World: Recomeço (2025)
Três anos depois de Jurassic World: Domínio supostamente encerrar a franquia, os dinossauros voltaram em Jurassic World: Recomeço, um soft reboot para a série. O novo filme traz algumas das melhores sequências de ação desde o original Jurassic Park, de 1993.
O filme traz uma narrativa fácil de acompanhar. A gigante farmacêutica ParkerGenix acha que pode usar esses dinossauros para desenvolver uma droga milagrosa contra doenças cardíacas, pelo bem da humanidade, e, claro, por muito dinheiro. A agente secreta Zora Bennett (Scarlett Johansson) é enviada à ilha para capturar o DNA dos dinos em uma missão que obviamente tem tudo para dar errado.

O mercenário Duncan Kincaid (Mahershala Ali), o paleontólogo Dr. Henry Loomis (o carismático Jonathan Bailey), o representante da farmacêutica, Martin Krebs (Rupert Friend), e outros membros da equipe também são escalados para a viagem. A tarefa, que quase parece um game de três fases, é ir até uma ilha para coletar amostras de sangue dos três maiores dinossauros dali – um do mar, um da terra e um do ar -, com o objetivo de sintetizar um remédio revolucionário contra doenças cardíacas. Apesar da missão dos três dinossauros criar uma certa previsibilidade, ela ao menos garante variedade nas cenas.
Agora, os dinossauros foram recuados para áreas equatoriais isoladas e em quarentena, onde a entrada de humanos é proibida, ainda que mal fiscalizada. Como todo filme da franquia Jurassic, há crianças em perigo, desta vez por causa de uma família cujo barco foi virado por um dinossauro no mar, deixando-os presos na mesma ilha.

O primeiro ato de Jurassic World: Recomeço é arrastado. É como se demorasse demais para o filme começar de verdade, para onde a história de fato irá acontecer. O filme ter dois núcleos fragmenta bastante a história, pois o roteiro acaba tendo muitas peças para organizar, desde mostrar como o mundo está atualmente até apresentar e nos fazer importar com diversos novos personagens. Por isso, o roteiro não consegue se aprofundar nos personagens, que não conseguem ir além do estereótipo. O executivo corporativo ser um grande vilão ganancioso do filme, por exemplo, é um clichê preguiçoso.
Apesar de ter boas cenas de ação, com bons efeitos, o filme tem problemas de ritmo ao alternar entre as tramas paralelas. Mas algumas cenas de ação se destacam, como o momentos em que a família está no mar com o barco naufragando, um confronto na loja de conveniência… O filme consegue transmitir uma sensação de perigo rondando os personagens.

Ainda assim, o final de Jurassic World: Recomeço decepciona. O confronto final é frase e o filme termina em um anticlímax frustrante. O filme acerta nos enquadramentos e composições, reforçados pelas filmagens em locações reais (ou sets muito realistas). As tentativas de criar ressonância emocional são mais falsas do que os efeitos visuais (que, como disse, são muito bons), embora os atores se esforcem bastante para tornar os diálogos e situações críveis.
Jurassic World: Recomeço segue um caminho protocolar e previsível, sem grandes surpresas, mas entrega boas cenas de ação. Os efeitos visuais estão muito bons, mas o roteiro é fraco. Apesar do filme supostamente simbolizar um recomeço, ele acrescenta muito pouco de fato novo.

A quantidade de personagens e histórias em paralelo atrapalha o ritmo do filme em diversos momentos, mas não precisava ser assim. Por terem dois núcleos acontecendo em paralelo, o filme poderia nos fisgar ao mostrar uma parte sob a ótica da família e a outra sob a dos mercenários. Mas o roteiro falha em nos fazer nos importar muito com qualquer personagem e seus dilemas.
É como se as duas tramas estivessem “competindo” para descobrir quem entrega a melhor cena de ação, já que os personagens em si não sustentam o nosso interesse. Provavelmente o personagem de Mahershala Ali é o único que tem um arco narrativo completo – os demais atores entregam ao menos carisma e boas atuações.

Os fãs da franquia podem se divertir com todos os elementos clássicos da série aparecendo: trilhas tensas na selva, perseguições empolgantes, situações que por muito pouco não acabam em tragédia, deslumbramento diante da força da natureza, dilemas éticos, humor leve, um mini dinossauro fofinho (do tipo que servirá como um belo brinde do McLanche Feliz) e sinalizadores sendo agitados para distrair os dinossauros.
Apesar de ser um blockbuster de verão moderadamente divertido, com um bom toque nostálgico dos anos 1990 , Jurassic World: Recomeço, de Gareth Edwards, é uma colcha de retalhos confusa. É apenas mais um filme da franquia, com todos os clichês de sempre. Tudo aqui já foi feito a exaustão nos filmes anteriores. É tipo um filme B com fotografia e efeitos de filme A.

Dado o roteiro que receberam, o diretor Gareth Edwards e o diretor de fotografia John Mathieson fazem um bom trabalho. Mas é de se pensar se era realmente necessário um novo longa apenas três anos após o filme anterior ter sido anunciado como “o capítulo final”, já que não há nada aqui que indique um grande “renascimento”, como diz o título original (Jurassic World: Rebirth).
Jurassic World: Recomeço é um filme divertido, mas talvez já esteja na hora de finalizar a franquia. Ele não é ousado nem inovador, mas é bem feito e entretém com alguns altos empolgantes e outros baixos arrastados. Tem seus méritos, mas parece nunca alcançar seu verdadeiro potencial, não parece chegar lá. Em alguns momentos é eletrizante; em outros, entediante. Funciona enquanto dura, mas logo se apaga da memória. É legal de assistir, mas também é esquecível. É um filme ok. Mediano.
