Crítica

[Crítica] Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)

Em Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes acompanhamos os bastidores da vida de The Weeknd, que interpreta a ele mesmo no filme. No filme, a versão fictícia do artista entra em colapso emocional quando uma ex-namorada termina com ele e, sem conseguir lidar com isso, ele se entrega às drogas, bebidas e festas. Nós também vemos os bastidores e o que sucedeu uma noite de 2022, quando o cantor subiu ao palco e não conseguiu cantar. O filme pretende refletir sobre o que aquele momento significou para o artista e o seu futuro. Mas o longa falha em entregar qualquer conteúdo mais substancial e que valha a pena refletir profundamente.

Também conhecemos uma de suas fãs, Amina (Jenna Ortega), enquanto ela incendeia uma casa. Ela assiste ao show em que a voz do cantor falha, invade os bastidores e o conhece. Os dois fogem juntos, se divertem e, depois, vão para um quarto de hotel, onde ela fala sobre como se sente solitária e explica o motivo das músicas de The Weeknd significarem tanto para ela. Esse é o máximo de profundidade que o filme atinge após cerca de 1 hora e pouca de muitas divagações repetitivas.

Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)

Fui assistir Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes livre de qualquer bagagem prévia, sem levar em conta todas as críticas que The Idol, da HBO, recebeu (já que não assisti). Ainda que não tivesse expectativa alta, fui assistir ao filme com curiosidade e com boa vontade, além de ter fã de The Weeknd. Agora, após assistir ao filme de “apenas” 105 minutos, que são tão difíceis de suportar, imagino quão piores podem ter sido os cinco episódios da série.

O fato de Abel Tesfaye, ou The Weeknd, não conseguir atuar nem quando está interpretando a si mesmo é algo gritante. O filme é totalmente um projeto ancorado na vaidade e que parece ter sido feito apenas para celebrar a sua arte da forma mais pretensiosa possível, se achando muito genial a cada take. O filme tenta ser como uma viagem ao estado emocional do artista, mas funcionaria muito melhor como videoclipe de uma ou duas de suas músicas. A jornada parece uma mistura de fan service e egotrip, como quando a personagem de Ortega dança e fala sobre a importância da música de The Weeknd durante toda uma cena dedicada a ela elogiar e dissecar as suas letras.

Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)

É como se Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes fosse uma espécie de terapia que não serve a ninguém além do próprio cantor. O longa é uma análise tão vazia da fama e da obsessão de fãs que não convence em nenhuma cena. É como um exercício cansativo e interminável de autoindulgência, sem história coesa e sem razão coerente para existir nas telas. O projeto pessoal do artista sobre si mesmo e sua genialidade e demônios não precisava ser um projeto pretensioso de autopromoção e autopiedade.

Jenna Ortega e Barry Keoghan entregam interpretações comprometidas, ainda que seus personagens deixem a desejar em substância por causa do roteiro. Eles fazem o melhor que podem com o material superficial, mas o vazio é central no filme. É quase como se eles se esforçassem mais do que o filme merece. Quanto a The Weeknd, após essa prova de seu alcance limitado como ator, resta torcer para que de agora em diante ele foque apenas na música. O momento em que ele canta “Hurry Up Tomorrow” a capella, com um close-up em seu rosto, provam isso.

Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)

A cinematografia de Chayse Irvin até consegue criar uma atmosfera enigmática, que não é sustentada pelo roteiro. Acaba sendo uma narrativa superficial, sustentada pela estética, e quase uma paródia de si mesma. Outro bom ponto do filme é sua trilha sonora – corroborando ainda mais à ideia de que seria melhor The Weeknd concentrar seus esforços apenas na música… O único público que posso imaginar gostando desse filme é o próprio cantor – e talvez alguns fãs mais devotos.

É um filme definido por muito nada e Abel com uma expressão triste. Imagino que a intenção pode ter sido criar uma peça de arte profunda na intersecção entre artista e personagem fictício, mas acabou mostrando apenas uma obra extremamente narcisista. Todos os elementos abordados aqui, como o lado sombrio do estrelado, funcionariam muito melhor em um videoclipe visceral e abstrato de The Weeknd, com certeza.

Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes (2025)

Hurry Up Tomorrow: Além dos Holofotes é um filme monótono, arrastado e vazio, que poderia focar no bom potencial de explorar a psicologia do que a autopressão pode fazer com alguém, mas nunca se aprofunda. Cada cena do filme é decepcionante. The Weeknd, que também se envolveu no roteiro do filme, pode entender de música, mas ainda falta aprender muito sobre cinema. É como se o longa fosse um videoclipe disfarçado de filme. Como componente visual para o álbum homônimo, o filme não funciona por não celebrar as músicas o suficiente. Como filme por si só, é muito pretensioso e sem sentido.