[Crítica] Premonição 6: Laços de Sangue (2025)
Premonição 6: Laços de Sangue é o novo filme da franquia que fala sobre a tentativa de enganar a morte. O primeiro longa estreou em 2000, e o anterior havia sido lançado há 14 anos – então é natural que o conceito parecesse desgastado. Mas o novo filme consegue divertir e inovar dentro daquilo que se propõe. Ele é cheio de tensão, sangue, cenários e situações inventivas e atuações carismáticas. Entretenimento puro.
A lógica da franquia é: quando alguém escapa da morte, normalmente após uma visão do que está por vir, coisas terríveis passam a acontecer, ou quase acontecer, pois a Morte começa a se esforçar para encontrar maneiras horríveis de matar a pessoa que escapou, como que para restaurar o equilíbrio novamente.

No início de Premonição 6: Laços de Sangue, Iris (Brec Bassinger) tem uma visão durante a inauguração do luxuoso restaurante Skyview, que fica a centenas de metros do chão, na década de 1960. Ela vê o prédio inteiro pegar fogo e desabar e consegue avisar a todos antes que haja qualquer morte. A Morte, claro, não gosta disso. Nesse prólogo, o CGI soa algo de exagerado e fora do tom em alguns momentos.
Meio século depois, conhecemos Stefani (Kaitlyn Santa Juana), a neta de Iris, que começa a ter vários pesadelos com o Skyview. Por isso, ela procura a sua avó, com quem não tem contato. Então ela descobre que a Morte está atrás de cada um dos “sobreviventes” do acidente (que não aconteceu) do Skyview e, por isso, Iris vive isolada em uma casa que parece preparada para resistir a uma invasão zumbi. Iris manteve seus dois filhos trancados em casa durante a maior parte da infância, com medo da Morte. Stefani também descobre que após a Morte conseguir matar Iris, ela continuará o seu trabalho com o resto de sua linhagem. Stefani ganha a missão de proteger sua família e enganar a Morte como puder.

O fato da história do filme ser construída em torno de uma mesma família adiciona mais densidade e intensidade emocional. Uma forma de aumentar a qualidade e o engajamento com um filme de terror como este é fazer o público se importar com os personagens. Claro, filmes como os da franquia Premonição não precisam de temas ou mensagens mais profundas. Mas focar em um grupo de familiares deixa mais fácil se envolver e torcer para que eles consigam “quebrar o ciclo” e enganar a Morte.
O novo filme da franquia é totalmente bobo, como esperado. Mas a ideia de focar no núcleo de uma mesma família traz mais consistência à história. Em vez de ser apenas um filme sobre o destino ou a Morte se aproximando de um grupo de sobreviventes, é também sobre se algumas pessoas deveriam ter existido. Os riscos viram mais pessoais e as perdas viram mais emocionalmente impactantes, ainda que a carnificina nunca seja poupada. Qualquer objeto pode virar uma arma em potencial.
Não é necessário ter assistido aos filmes anteriores para curtir este, mas toda a alma da franquia Premonição continua ali: as cenas das mortes são muito inventivas e macabras. Há sempre toques cômicos, mas também há uma tensão constante a cada cena, como se a gente precisasse ficar em alerta, pois algo horrível e sangrento pode acontecer a qualquer instante.

O filme se mantém fiel à sua fórmula e mesmo assim encontra espaço para inovar, gastando algum tempo na construção do enredo, de forma que quase não há mortes em sua parte inicial (com exceção da cena de abertura). Em vez de mortes, o início do filme gasta mais tempo em apresentar o cenário, a dinâmica e os personagens. Embora as atuações e os arcos dos personagens não sejam profundamente desenvolvidos, o filme apresenta mais camadas em comparação aos anteriores, com o foco ainda no efeito borboleta e na reação em cadeia que leva a cada morte.
Premonição 6: Laços de Sangue revitaliza a franquia e é cheio de fôlego. As mortes são inesperadas, angustiantes e, paradoxalmente, divertidas. Elas talvez sejam o maior trunfo do filme, muito mais do que quem morre. Comecei a ver a franquia na infância e, embora não me lembre dos enredos, algumas mortes ficaram gravadas de forma quase inconsciente, como a tensão ao estar em um carro atrás de um caminhão com toras de madeira ou o pavor de imaginar entrar em uma câmara de bronzeamento. E esse filme certamente vai instalar novas agonias, como piercings em hélices, vidro camuflado em copo com gelos ou salas de ressonância magnética.

Mas nem tudo dá certo e nem tudo funciona em Premonição 6: Laços de Sangue. No terceiro ato, o ritmo peca um pouco e perde a fluidez que construiu até então. Há escolhas de personagens que soam apenas como protocolo do gênero, sem tentativa de desenvolvimento mais orgânico, e o final é apressado. Mas esses pequenos defeitos não tiram os méritos do filme, que acerta em tantos outros pontos, ao misturar tensão, terror, gore, absurdo, tragédia e comédia, de forma equilibrada na maioria das vezes.
Premonição 6: Laços de Sangue é extremamente divertido e ótimo para assistir numa sala de cinema cheia. A roda não é reinventada – e nem se espera isso da franquia: a fórmula continua, com mortes horríveis e traumatizantes, de se contorcer assistindo ou morrer de agonia quando sentimos que algo está prestes a acontecer. O filme nunca se leva a sério e sua pegada exagerada é o seu maior mérito. Ele não tem medo de ir longe demais ao criar cenários e força os limites de forma divertida e inesperada.

