[Crítica] Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice (2024)
Os Fantasmas Se Divertem, de 1988, é um filme especial, estranho, criativo, engraçado e marcante. Reassisti ao filme original dias antes de ir à cabine de imprensa da sequência e toda a força e magia do filme continua ali, mesmo décadas depois, sem ficar datado. O filme abraça o macabro e toda sua estranheza e é por si só uma obra completa. Então uma sequência não é exatamente algo necessário, embora isso tenha sido discutido e cogitado por décadas. Agora, 36 anos depois, a sequência do filme de Tim Burton saiu do papel. Apesar de não achar que era uma sequência necessária, estava empolgada para assistir Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice, mesmo tentando não ter expectativa tão alta.
Na sequência, Lydia (Winona Ryder) agora é uma apresentadora de programa de TV sobre caça-fantasmas e usa seus dons paranormais para viver com seu empresário Rory (Justin Theroux). Seu pai Charles (anteriormente interpretado por Jeffrey Jones) faleceu durante viagem de observação de pássaros e ela vai encontrar sua madrastra Delia (Catherine O’Hara). Sua filha Astrid (Jenna Ortega), com quem Lydia não tem boa relação, a acompanha. Além destes, o filme também traz novos personagens, como a sugadora de almas Delores (Monica Bellucci), ex-esposa de Betelgeuse (Michael Keaton), o ator noir Wold Jackson (Willem Dafoe), que acredita que é um policial, e mais.
Beetlejuice 2 é cheio de efeitos visuais que trazem um pouco da magia do filme original. A sequência consegue trazer à tona um sentimento de nostalgia e certamente agradará os fãs do filme original, sem tentar fazer isso de forma excessiva ou exagerada, apenas com alguns fan services salpicados em algumas cenas. O ritmo do filme é ótimo do início ao fim e não dá sinais de cansaço. O visual se destaca e o ótimo senso de humor continua presente.
Mas não há apenas acertos: a sequência traz muitos personagens e há muitas subtramas durante toda a sua duração. E apesar de todo o elenco entregar performances sólidas e marcantes, as subtramas não são sempre bem exploradas e por vezes algumas são esquecidas. A subtrama de Delores chamou minha atenção e foi bem introduzida no início do filme, acredito que seria uma ótima adição ao longa. Depois, ela pareceu ser esquecida pelo roteiro, e isso não aconteceu apenas com essa personagem. Se esses personagens subaproveitados não tivessem feito parte do filme, nada mudaria.
Mesmo sem conseguir amarrar bem todas as histórias, Beetlejuice 2 consegue nos trazer a nostalgia do clássico dos anos 1980 e resgatar a sua excentricidade e vivacidade. Em vez de ser apenas uma paródia de si mesmo – o que pode facilmente acontecer com sequências de filmes -, esse aqui consegue apresentar algo novo sem perder a sua essência e o que o fez ter tanto sucesso no passado. O filme não é longo e, mais que isso, dá a sensação de ser rápido por causa de sua dinâmica.
Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice consegue aproveitar os efeitos visuais modernos do CGI sem perder a essência dos efeitos visuais mais “rústicos” e aspecto de “desenho animado” do primeiro filme. O stop motion continua ali, as miniaturas também. Junto aos efeitos visuais mais modernos, a mistura consegue se traduzir em um filme atual, mas com referências clássicas, um ótimo presente para os fãs do filme original. Visualmente, tem todos os elementos clássicos de Tim Burton, com toda sua comédia gótica e absurda, excentricidade e surrealismo. A comédia e o macabro andam lado a lado o tempo inteiro e podem ser apreciados tanto por fãs antigos quanto novos do diretor.
Beetlejuice 2 é ótimo de forma que poucas sequências conseguem ser. O seu elenco mais experiente conseguiu sustentar e engrandecer ainda mais o filme. Os personagens que retornam conseguem reprisar seus papéis com excelência e ajudar no ar de nostalgia do longa, enquanto os novos personagens conseguem adicionar uma nova energia à trama.
Michael Keaton consegue reprisar o papel com facilidade e novamente nos traz um Betelgeuse divertido e imprevisível. Winona Ryder deixa sua personagem mais profunda, mais madura, mas não perde a essência que mostrou no filme original. Jenna Ortega consegue mostrar toda a rebeldia e acidez de sua personagem, sem torná-la chata ou cansativa de assistir. Willem Dafoe traz um personagem não só muito divertido como parece estar se divertindo muito enquanto o interpreta. Monica Bellucci consegue capturar nossa atenção sempre que ganha tempo de tela.
Como mencionei no início da crítica, quando soube que seria feita uma sequência de Os Fantasmas Se Divertem, inicialmente pensei que não havia necessidade, mas ainda assim me animei para assistir. A sequência tinha a difícil tarefa de elevar ou pelo menos manter o ótimo nível do filme original, e felizmente conseguiu. Os fãs do primeiro filme, como eu, conseguirão aproveitar a nova história enquanto também relembram e sentem novamente toda a atmosfera do longa original. Felizmente, Tim Burton acertou e Os Fantasmas Ainda se Divertem: Beetlejuice Beetlejuice se mostrou uma sequência justificada.
O longa explica tudo que precisa, mas não aprofunda em todos os pontos ou personagens; as subtramas podem não ser totalmente exploradas, mas a história principal é. Beetlejuice 2 está bem próximo do primeiro filme e consegue capturar e redescobrir a magia que nos foi mostrada décadas atrás. O resultado é um filme divertido, inspirado, energético, dinâmico, grotesco, excêntrico e com toda a atmosfera que se espera de uma obra de Tim Burton.