[Crítica] Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras (2017)
Uma característica que podemos notar de cara em Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras é o foco em suas aparições públicas. Geralmente, documentários biográficos nos falam muito sobre a vida privada de seus assuntos. Aqui, o foco fica nas aparições públicas e apresentações da artista.
Outro ponto que chama atenção no filme é a quantidade de material que existe. O diretor estreante Tom Volf se esbalda em dezenas de imagens de arquivo da cantora e a quantidade dematerial impressiona. Grande parte das 2 horas de duração do filme são com Maria falando ou se apresentando. Em alguns momentos, a atriz Fanny Ardant lê, em narração em off, cartas escritas pela artista.
O filme traz cartas, apresentações ao vivo, entrevistas para televisão, imagens de Maria pela rua… A montagem cria uma linda homenagem à artista e um bom retrato, com imagens raras para fãs e muito material para quem não conhecia nada sobre ela (como eu). A quantidade de imagens e apresentações certamente agradará fãs e dará uma boa introdução sobre a performer mais expressiva da ópera.
Callas fala sobre sua infância em Nova York e sobre a grande exigência por parte de sua mãe – ela afirma que tamanha exigência foi o motor para se transformar nesta artista. Ela deixa claro que entrou nesse mundo por pressão de sua mãe e em seguida de seu marido, e que largaria tudo para ser uma dona de casa convencional. Mas pontua também que “destino é destino” e “não há saída”. O fato é que essa é uma profissão que ela nunca escolheu.
Também podemos assistir Callas performando obras como “La Traviata”, de Verdi, e “Norma”, de Bellini. O longa também pontua polêmicas que atravessaram a carreira da soprano, como quando cancelou uma performance de gala em Milão, em 1958, por estar com bronquite. É interessante assistir a como Callas tem um forte comando sobre sua persona e suas habilidades de atuação e glamour sem esforço. Ela vivencia o verdadeiro amor com Aristóteles Onassis, com quem se relacionou até ele conhecer Jacqueline Kennedy.
Por se basear, em sua maioria, em imagens de arquivo, alguns pontos não são abordados com muita profundidade. Como o título nacional evidencia, é um filme em que conhecemos Maria Callas em suas próprias palavras. É palpável como o diretor Volf ama o tema do documentário. Em alguns momentos, isso faz com que o documentário pareça feito por um grande e cuidadoso fã que quer falar sobre sua artista favorita para todos. É um bom filme, mas mesmo para quem não é entendido no assunto fica a sensação de falta de detalhes importantes em alguns momentos.