[Crítica] Westworld: 2×04 – The Riddle of the Sphinx

“The Riddle of the Sphinx”, quarto episódio da segunda temporada de Westworld, é o melhor episódio da temporada (até agora) e um dos melhores, senão o melhor, da série.




O episódio marcou a estreia de Lisa Joy, co-criadora de Westworld, na direção. E ela começou com pé direito com esse episódio lindo esteticamente e empolgante no enredo. Com auxílio da fotografia de John Grillo, ela conseguiu nos presentear com cenas lindas.

Geralmente os episódios da série não revelam muito, ou não revelam muito explicitamente. Mas no episódio dessa semana ganhamos algumas respostas. Emily, a mulher misteriosa que apareceu no terceiro episódio, é a filha do Homem de Preto e consequentemente herdeira da Delos. Por ser filha dele, será que podemos supor que ela “cresceu” no parque? Julgando a familiaridade que ela andou pelo local e suas habilidades, dá para supor que ela passou muito tempo por lá, no mínimo. Também ficou evidente que Emily e seu pai não têm uma boa relação, principalmente desde que a mãe dela cometeu suicídio. Por causa da obsessão de William pelo parque, talvez o seu desejo seja destruir o local que consumiu o seu pai durante tantos anos. Vai ser interessante ver a interação entre os dois nos próximos episódios.

Em “The Riddle of the Sphinx” também podemos ver que Jim Delos pode ter sido a primeira tentativa da empresa de alcançar a imortalidade. Como vemos que se passou tempo suficiente para William envelhecer (o tempo para o ator Jimmi Simpson se transformar em Ed Harris), sabemos que Delos passou décadas no local tentando colocar sua mente num hospedeiro, com objetivo de que uma pessoa pudesse viver eternamente num corpo artificial.

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Ed Harris e Jimmi Simpson continuam ótimos interpretando William em diferentes idades, mas outro ponto alto do episódio foi Peter Mullan. Interpretando James Delos, ele conseguiu transmitir perfeitamente a deterioração do personagem com uma linguagem corporal desajeitada e vários tiques nervosos. Dá para ver claramente o seu sofrimento e como William tem o sangue frio de repetir tudo quantas vezes for necessário para tentar encontrar o segredo da imortalidade.




Nos episódios anteriores nós vimos Ford se comunicando com o Homem de Preto de maneira bem enigmática, usando alguns hosts. E se isso não for uma programação e for realmente a consciência de Ford indo de um host a outro para se comunicar com William? Será que ele pareceu tranquilo quando Dolores o matou porque ele é uma espécie de deus ex machina? Anthony Hopkins não é do elenco regular nessa temporada, mas os showrunners Jonathan Nolan e Lisa Joy já afirmaram que não foi a última vez que os vimos. Ele já apareceu brevemente no segundo episódio, mas não dá para descartar a ideia de que ele pode aparecer em outros momentos que não sejam flashbacks. Apesar de termos visto que o seu corpo morreu, não é loucura supor que a sua mente ainda existe e está presente no local.

Elsie está viva. Bernard se encontra com ela e os dois descobrem outro laboratório secreto, o laboratório 12. Bernard acha que Ford o enviou para o local no passado e ele consegue visualizar uma memória de quando matou todos do local. Elsie não tem tanta confiança em Bernard, mas quem teria? Não dá para julgá-la. E Clementine? O que está acontecendo com ela? Ela aparece brevemente colocando Bernard perto da caverna onde ele encontra Elsie e vai embora. Será que essa atitude tão “robótica” (ela está assim durante toda essa temporada, até agora) significa que ela está apenas obedecendo comandos de Ford? É o que parece.

O episódio não teve Maeve ou Dolores, mas sinceramente não deu para sentir falta por causa da quantidade de informações que ganhamos sobre o que a Delos vem fazendo ao longo do tempo. Vimos que Jim Delos não conseguiu a imortalidade, mas há indícios de que Robert Ford pode ter decifrado o que faltava para conseguir.

A cena em que Elsie e Bernard chegam à Impressora da Unidade de Controle e encontram Delos no local foi ótima e a fotografia vermelha deu toda a intensidade que a cena precisava. A presença de Delos ali também indica que não faz tanto tempo que William esteve no local pela última vez. Para os próximos episódios, podemos esperar entender o que a Nação Fantasma faz e quer e o que Emily está fazendo no parque.




“The Riddle of the Sphinx” foi um episódio de Westworld que mostrou a evolução tecnológica do parque, a degradação de Jim Delos e a deterioração da humanidade de William. É um conto sobre como a humanidade está, ao mesmo tempo, tentando impedir a própria destruição e acelerando esse processo.

Uma ótima questão que Westworld levantou são: O que faz de nós humanos? É a nossa mente? Nossas memórias? Se nossa mente é colocada num corpo artificial, nós ainda somos nós?

Curiosidade: o título significa “O Enigma da Esfinge”, que se refere a um clássico da mitologia grega: “Quem anda com quatro pés de manhã, dois à tarde e três à noite?”. A resposta é: “O homem”. A resposta se refere ao fato de que engatinhamos quando bebês (manhã), usando quatro membros para locomoção, ficamos adultos (tarde) e usamos as duas pernas e, na velhice (noite), acabamos a vida nos locomovendo com o auxílio de uma bengala (três “membros”).

A história é da peça “Édipo Rei”, de Sófocles. Uma esfinge faz a pergunta para pessoas e quem erra a resposta é estrangulada na hora. Centenas de pessoas não respondem e morrem. Édipo responde corretamente e evita de ser estrangulado. (“Esfinge” vem do grego sphingoque, que significa “estrangular”)

Seria o homem a resposta para o enigma de Westworld?

“Se você está olhando para frente, está olhando para a direção errada”

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