Crítica

[Crítica] The End of the F***ing World – 1ª temporada (Netflix)

The End Of The F***ing World é a nova série do Reino Unido, do Channel 4 e disponibilizada pela Netflix. A série é baseada no quadrinho de Charles Forsman.

The End Of The F***ing World é contada a partir do ponto de vista de dois adolescentes, James (Alex Lawther) e Alyssa (Jessica Barden), sempre utilizando a narração de um dos dois. James diz ter certeza que é um psicopata. Alyssa não confia em quem se encaixa no mundo e vê em James uma boa companhia. Ela considera que James é a pessoa mais estranha da escola, e é isso que a atrai nele. James vê em Alyssa a vítima perfeita para o seu primeiro assassinato.




Os dois fogem de casa e, em certo momento, decidem ir atrás do pai de Alyssa, que saiu de casa quando ela ainda era pequena. Enquanto num primeiro momento vemos os traços de psicopatia do menino e podemos nos assustar com seu desejo de matar um ser humano e vemos o tédio e mau humor da menina, com o passar dos episódios vamos conhecendo mais sobre o pano de fundo dos dois. A série mostra as famílias disfuncionais de ambos e o papel delas na vida dos dois adolescentes.

A medida que os episódios vão passando, a dupla se mete em histórias tensas e acabam cometendo vários crimes. No fim das contas, os dois são ainda duas crianças que não tiveram carinho, suporte e educação dos seus pais em seus primeiros anos de vida. Os dois se unem por essa insatisfação em comum com o mundo. Os dois refletem bem uma boa parcela dos adolescentes e jovens do mundo atual. E a voz em off sempre nos mostra explicitamente os receios e pensamentos de ambos.




Com esse background, seria fácil fazer uma série de drama. Em vez disso, The End Of The F***ing World é uma série de humor negro e politicamente incorreto. O casal protagonista, Jessica Barden e Alex Lawther, são o ponto forte da série. Os dois conseguem transmitir bem a personalidade e dilemas de seus personagens, ela de forma mais expansiva e ele de forma mais contida.

Outro ponto alto da série é a fotografia. Enquanto os dois protagonistas se metem em várias roubadas, cometem crimes e reclamam sobre a vida, a fotografia mostra vários planos abertos belos. Um grande contraste com a forma que os dois adolescentes veem o mundo. Toda a parte técnica está de parabéns, sem defeitos.




No início, a série não se esforça tanto para criar empatia do público com os dois protagonistas. Especificamente nos três primeiros episódios, achei a série fraca e os dois personagens pouco simpáticos. Após os dois adolescentes partirem em sua road trip, a série melhora e vira uma jornada obscura sobre adolescência, assim como uma história de crime. A primeira parte parece mais forçada. Mas, assim que conhecemos mais sobre cada personagem, tudo parece fluir de maneira mais natural.

A série adolescente tem apenas oito episódios, cada um com 20 e poucos minutos. Ou seja, dá para fazer uma maratona e acabar a série na Netflix rapidinho. A primeira temporada termina com um grande cliffhanger. Resta saber se ela será renovada para uma segunda temporada. Mas talvez a melhor pergunta seja: uma segunda temporada de The End Of The F***ing World é necessária? Ou a primeira temporada já é uma obra completa, com um final aberto mas, mesmo assim, sem necessidade de continuação?

Para a série ser melhor e mais profunda, poderia ser importante abordar perguntas como: Até que ponto é moralmente aceitável matar alguém? Se você mata alguém que não era uma boa pessoa, você fez o que era correto? O ato está automaticamente perdoado? A série está romantizando a psicopatia? O James fala que é psicopata, mas isso é esquecido e, a partir de certo ponto, descobrimos que na verdade ele não é. Ainda assim, acho que faltou mais para conseguirmos ter empatia pelos dois protagonistas. Achei bem difícil gostar dos dois personagens, e especialmente difícil gostar dela. Lááá no final da temporada dá para simpatizar um pouco mais com os dois.



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *