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Roteiristas pedem investigação sobre possível interferência de Trump no fim do ‘The Late Show’

O Sindicato dos Roteiristas dos EUA (WGA) solicitou uma investigação formal das autoridades de Nova York contra a Paramount — controladora da CBS — após o inesperado anúncio do cancelamento do The Late Show with Stephen Colbert, marcado para maio de 2026.

A principal suspeita levantada pelo sindicato dos roteiristas diz respeito à sequência de acontecimentos envolvendo a Paramount, Donald Trump e a CBS. No dia 2 de julho, a Paramount fechou um acordo de US$ 16 milhões para encerrar um processo movido por Trump, relacionado a uma reportagem exibida no programa 60 Minutes. Semanas depois, Stephen Colbert criticou o valor da indenização ao vivo, chamando-o de “grande suborno” que teria como objetivo facilitar a aprovação da fusão da Paramount com a Skydance Media, avaliada em cerca de US$ 8 bilhões.

Três dias após essa declaração de Colbert, a CBS anunciou que o The Late Show não seria renovado, alegando motivos “puramente financeiros”. O sindicato dos roteiristas (WGA) questiona se houve motivação política no cancelamento do programa e solicitou uma investigação às procuradoras-gerais de Nova York, Letitia James, e da Califórnia. Segundo o WGA, o caso pode configurar violação à liberdade de expressão e interferência editorial em benefício de interesses corporativos e políticos.

A CBS justifica o fim do The Late Show por queda de receita publicitária (cerca de 40% desde 2018), custos altos e mudança do público para streaming e conteúdos digitais. Ainda assim, o timing levanta suspeitas: o programa, apesar de líder em audiência (média de 2,42 milhões de espectadores por episódio), vinha sendo rentável até recentemente.

“Cancelamentos fazem parte do mercado, mas encerrar um programa por pressão política — explícita ou implícita — é perigoso e inaceitável em uma sociedade democrática. A decisão acontece em um contexto de ataques sistemáticos à imprensa livre por parte de Trump, com processos contra a CBS e ABC, ameaças de litígio a veículos críticos e o desfinanciamento injustificável da PBS e da NPR”, disse o sindicato em nota.