Crítica

[Crítica – Mostra SP 2020] O Tremor (2020)

O Tremor nos conta a história de um jornalista que deve cobrir os efeitos de um terremoto devastador em um vilarejo no interior da Índia. Entretanto, durante sua viagem, não há qualquer sinal de terremoto e os moradores não sabem do que ele está falando – ou fingem não saber.

Balaji Vembu Chelli é o diretor do filme, que, se fosse necessário resumir em uma palavra, seria: expectativa. Em boa parte dos diálogos do filme, o fotojornalista pergunta onde é a parte que ficou destruída pelo terremoto. Um conflito apresentado pelo filme é o dilema do protagonista. Ao mesmo tempo em que ele lamenta o suposto terremoto que devastou o local, ele vê naquilo sua chance de crescer na carreira.

O filme começa nos prometendo alguma catástrofe e chega a pincelar rapidamente e sem muito propósito: aconteceu ali algo sobrenatural? Uma mentira ou loucura do protagonista? Com a trilha sombria e com ruídos, logo percebemos o terremoto virar uma metáfora. Nem os personagens e nem nós sabemos o que está acontecendo. Numa cena em particular, o protagonista anda de carro e, de fundo, há uma trilha sonora de perseguição. Toda a cena cria um clima de suspense, como se ele estivesse sendo perseguido – quando, sabemos, ele quem persegue as fotos para o seu trabalho. E a perseguição não se concretiza.

Apesar da premissa interessante e de ter algumas boas cenas, o filme quebra expectativa – não em um bom sentido, pois, que fique claro, filmes que não resolvem seus mistérios e que quebram expectativa estão longe de serem ruins por isso. Não bem desenvolvida, essa premissa pode se virar contra o filme. Ao final, O Tremor deixa a sensação de um filme que não conseguiu nos capturar completamente para aquela história e frustra ao não mostrar bem ao que veio e ao desenvolver bem sua narrativa.

Mesmo sendo um filme curto, de apenas 1h11, talvez O Tremor funcionaria melhor como um curta-metragem. A trilha sonora acerta ao criar uma atmosfera às vezes de suspense e thriller e outras vezes de melancolia. E, apesar de não sentir que não tão bem aprofundado, o dilema do protagonista de chegar ao local que possivelmente foi devastado e ver num desastre a possibilidade de alavancar sua carreira é um ponto positivo do filme. O filme é um exercício intuitivo. Mas, no fim das contas, achei um filme sem força para se destacar no extenso catálogo da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

O Tremor faz parte da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorre entre 22 de outubro e 4 de novembro em formato online

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