Crítica

[Crítica] Westworld: 1×01 – The Original

Westworld estreou com muita expectativa. Alto investimento, história ousada… E o piloto confirmou tudo o que era esperado. “The Original” se mostrou um ótimo e empolgante piloto de faroeste de ficção científica, com diferencial na sua profundidade e debates que incita.




Vamos à história: a série é sobre um parque temático, de uma época não especificada e local não revelado, que imita os cenários do velho oeste americano. Ricos vão ao parque e tornam-se visitantes, os recém-chegados, em contato com os anfitriões; os visitantes podem fazer o que bem entenderem no local. Sem regras, os desejos mais sombrios dos humanos acaba sendo externalizado. Ou seja, sem punição, Westworld acaba sendo um local com muita violência, abuso sexual e tudo de perturbador que podemos imaginar. Vale tudo.

Já que os humanos externalizam os seus desejos mais obscuros em robôs, não há problema no que fazem? Os robôs têm um visual totalmente humano e isso causa mais desconforto ao assistir as cenas. Os robôs devem apenas servir os visitantes, nunca feri-los. Eles não conseguem atirar no visitante, por exemplo.

A série também acertou em cheio com o elenco, com vários nomes famosos, como Anthony Hopkins, Ed Harris e Evan Rachel Wood. Esta última interpreta Dolores, a mais antiga anfitriã do parque. Nós conhecemos Dolores e Teddy, que formam um casal, mas, já que são robôs, são manipulados pela diretoria do parque. Os dois repetem suas ações todos os dias, sempre com um final trágico e recomeçando tudo no dia seguinte.

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Dolores é o arquétipo da mocinha em perigo. Todos os dias, ela acorda, fala sobre ver o lado bom da vida, se despede do pai, encontra o namorado Teddy (James Marsden), vai para cidade e, à noite, ao retornar para casa, vê a morte da família. Também fomos apresentados ao Homem de Preto (Ed Harris), personagem misterioso, que se diverte no parque há muito tempo. Ele é cruel. Mas ele é “apenas um cliente” do parque. Então ele é cruel mesmo ou é apenas um jogador, como de um vídeo game? Ele estupra Dolores, mata Teddy…




Dr. Robert Ford (Anthony Hopkins) é o mentor do parque e é responsável pela criação e atualização dos robôs. Todos anfitriões têm um roteiro pré-determinado. Mas uma atualização fez algo dar errado. Os devaneios adicionados por Ford desencadearam conflitos nos robôs. Por causa dessa atualização, alguns anfitriões começaram a ter memórias e isso causa reações estranhas. A diretoria do parque precisa agir, e rápido. Os humanos precisam reprogramar os robôs para que tudo volte ao normal. Mas precisamos de história para a série seguir. E uma robô foge do controle: Dolores.

Também foi interessante ver Elsie (Shannon Woodward) “roubando” um beijo de Clementine (Angela Sarafyan) quando ninguém estava por perto. Os robôs têm os traços tão perfeitos e movimentos tão reais que os humanos podem se atrair de verdade, aparentemente. A cena também retratou a curiosidade de quem está em frente aos robôs deve sentir, mesmo quando não são os “recém-chegados”. Hector (Rodrigo Santoro) foi responsável por um dos melhores momentos do episódio, com uma cena cheia de tiros e ação. Outro ponto alto é a ótima trilha sonora durante todo o episódio. A trilha sonora é assinada por Ramin Djawadi; ele foi responsável pela icônica sequência de piano do último episódio da sexta temporada de Game of Thrones, “The Winds of Winter”, que tem a explosão do fogo vivo e morte de alguns personagens importantes. A cena cheia de ação de Hector, por exemplo, acontece com “Paint It Black”, dos Rolling Stones como trilha sonora. “Black Hole Sun”, do Soundgraden, aparece em versão no piano.




A cena final é muito sutil e significativa. Minutos antes, Dolores afirma para Bernard que não mataria nenhum ser vivo. No final do episódio, mata uma mosca. A mesma mosca que passeava calmamente dentro dos seus olhos durante todo o episódio. A revolução está chegando.

Com uma fotografia linda, Westworld estreou falando sobre inteligência artificial, mas, acima disso, da natureza humana. Várias perguntas são deixadas em aberto para aguçar a nossa curiosidade para os próximos episódios. Que venham.