[Crítica] Gladiador 2 (2024)
Gladiador 2 se passa 16 anos após a morte do imperador Marcus Aurelius. No filme, acompanhamos a história de Lucius (Paul Mescal), o filho de Maximus (Russell Crowe). O personagem perde sua esposa durante uma batalha, vira prisioneiro e rapidamente é recrutado por Macrinus (Denzel Washington) para virar gladiador, tendo como promessa uma liberdade futura. Lucius quer vingar a morte de sua esposa matando o General Marcus Acacius (Pedro Pascal).
Também acompanhamos os detestáveis imperadores Geta (Joseph Quinn) e Caracalla (Fred Hechinger), além de Lucilla (Connie Nielsen), esposa de Maximus que sente uma conexão com Lucius, que mais tarde é explicada. Marcus e Lucilla planejam derrubar a dupla de imperadores e são descobertos pela conspiração. A vingança de Lucius, que começa sendo contra um homem, acaba virando vingança contra o sistema e uma tentativa de restaurá-lo. Há muita coisa acontecendo, muitos focos, muitas tramas e subtramas. O longa tenta recriar uma jornada impactante parecida à do primeiro filme, mas fica à sombra dele.
O diretor Ridley Scott sabe orquestrar o espetáculo muito bem nas cenas de conflito no Coliseu, incluindo uma batalha naval com o coliseu cheio de água com tubarões cercando os combatentes, chimpanzés com dentes, rinoceronte e várias lutas entre humanos. É um filme grandioso e extravagante, e acerta nesse ponto, com uma ambientação impressionante de assistir.

O problema maior não está em sua parte técnica, e sim no roteiro. Mesmo tendo 148 minutos de duração (que às vezes pareceram demorar a passar), o filme parece apressado e sem aprofundamento em muitos momentos. Enquanto as cenas de luta são muito bem coreografadas e bastante imersivas, à história em si falta ter mais substância.
Apesar de Paul Mescal estar bem em seu papel, o roteiro limita sua atuação ao não aprofundar e desenvolver melhor o seu personagem. Denzel Washington é o grande destaque do filme, tanto por sua atuação quanto pelas camadas do seu personagem, que tem a complexidade que faltou ao protagonista. Sua presença em tela é sempre magnética.
Gladiador 2 mostra espetáculos visuais interessantes, com cenas bem feitas e competentes de batalhas no coliseu. Mas grande parte das lutas não têm peso narrativo e parecem não levar a história adiante: representam um bom uso de CGI e criam cenas divertidas de assistir. Quem gosta desse estilo de filme certamente se divertirá com as cenas exuberantes. As cenas de ação são cheias de cortes, com a câmera rápida e precisa, que consegue transmitir toda a adrenalina e tensão do momento.
Apesar de ser visualmente ambicioso e conseguir ser muito imersivo em sua ambientação, o roteiro de Gladiador 2 não é tão ambicioso quanto poderia e não busca ir além do filme original. Visualmente, é um filme épico e um verdadeiro espetáculo, com ótima qualidade técnica. É um filme irregular, mas bem feito e satisfatório em muitos momentos. Não é para ser levado a sério, e consegue divertir.

