[Crítica] Crazy Ex-Girlfriend: 3×02 – To Josh, With Love
Como falar sobre Crazy Ex-Girlfriend sem se derreter em elogios? A série continua tocando com habilidade nos estereótipos femininos, e ainda assim consegue espaço para aprofundar e adicionar humanidade em suas personagens.
Vimos um pouco da vida de Josh após abandonar Rebecca no altar. Vemos como ele está lidando com sua decisão de virar padre… e percebemos que está claro que a sua decisão não foi muito bem pensada. O episódio mostra como Josh está apenas fugindo de seus problemas, fugindo de ter uma conversa adulta com Rebecca. Não é à toa que seus amigos Hector e White Josh falam que Josh é covarde. Os seus amigos tentam convencê-lo a voltar para casa. Até agora, sem sucesso.

Josh é covarde, sim. Ele foi péssimo com Rebecca, sim. Mas ele não é uma má pessoa. E isso fica evidente no número musical a la Fred Astaire que ele tem na igreja, que nos mostra como ele é ingênuo e doce com sua ideia do Espírito Santo. É legal até de colocar na série uma espécie de expectativa x realidade sobre o que Rebecca espera das pessoas. Ela imagina Josh como uma solução definitiva para os seus problemas. Mas, ao vermos o lado de Josh, em vários detalhes percebemos que ele é completamente errado para ela.
Enquanto o primeiro episódio nos mostrou mais de Paula, Scott, Darryl e White Josh, o segundo episódio da terceira temporada de Crazy Ex-Girlfriend foi quase inteiramente focado em Rebecca. Pudemos ver um pouco mais da relação dela com Nathaniel. Os dois enfrentam tipos parecidos de problemas. Mas Nathaniel canaliza esses problemas sendo “malvado”, enquanto Rebecca se força a acreditar que sua vida é um conto de fadas musical. (O que falar sobre Rebecca voltar a se interessar por Nathaniel apenas após ele “voltar” a ser malvado?) Nathaniel concorda em ajudar Rebecca a se vingar de Josh. Mas os planos dele foram longe demais e Rebecca acaba desistindo. Ela percebe que ninguém irá lhe dar o que ela quer de verdade. O que ela quer de verdade? A resposta pode vir com um ótimo momento de crescimento e amadurecimento da personagem. PS: O número a la Chicago com Rebecca seduzindo Nathaniel foi ótimo!

A história secundária de Tim sobre o prazer sexual feminino é engraçada e não fica deslocada do episódio. Tim percebe que nunca fez sua esposa ter um orgasmo, em onze anos de relacionamento. Ele tem um número musical solo sobre o assunto. Paula manda a real sobre o relacionamento de Tim, mostrando que ele e sua esposa têm uma terrível comunicação. Uma curiosidade: foi a primeira vez que uma série da TV aberta falou a palavra clitóris! (“Queríamos falar sobre anatomia feminina na TV. Eu tiveque ter muitas conversas legais sobre por que não era gráfico ou indecente”, explicou Rachel Bloom em entrevista.)
Finalmente Rebecca vai atrás de Josh para falar tudo o que quer. E a cena deixou claro como ela tem um comportamento irracional. Talvez essa tenha sido a primeira vez que ela foi 100% honesta com Josh e contou apenas verdades. Contou tudo, até que realmente saiu de Nova York por ele.
O episódio 3×02 de Crazy Ex-Girlfriend também nos apresentou a música de abertura da temporada. Eu gosto da ideia de cada temporada ter uma abertura diferente. Mas difícil conseguir superar a música da primeira, né? Não que eu não tenha gostado da música da segunda, mas demorei mais tempo para me acostumar com ela. E, pelo menos após a primeira impressão, essa parece ser a que menos gostei.

Em “To Josh, With Love”, todos estão insatisfeitos (com exceção de Paula e Maya). Rebecca tenta falar para Paula que o processo não é satisfatório como ela precisa, porque ela precisa de algo catártico. Josh acredita que ser padre irá livrá-lo da responsabilidade de suas ações, mas ele descobre que isso não vai ser a solução da sua vida. Nathaniel não tem o costume de cuidar de ninguém além de si mesmo, faz exatamente o que Rebecca pede e descobre que fazer exatamente o que foi pedido não garante que a outra pessoa ficará feliz. Tim nunca fez sua esposa ter um orgasmo e nunca se deu conta disso.
Parecem histórias distintas, mas todas estão ligadas de alguma forma. As escolhas musicais mostram parte do que faz Rebecca (e, em menor escala, o restante dos personagens) estarem tão insatisfeitos. Há um roteiro que devemos seguir. Nos apaixonamos, ou nos vingamos, ou damos a vida a Deus, ou nos focamos em nosso trabalho, e então algo maravilhoso acontece. Nos sentimos preenchidos, ou jogamos nossa culpa para alguém, ou fazemos alguém ter orgasmo todas as vezes. Mas nada é tão simples, a matemática não é tão exata quanto parece ou quanto deveria ser. A terceira temporada começou indicando que será a mais complexa até agora. Ainda é cedo para dizer, mas o foco da temporada parece ser a crescente frustração de Rebecca ao notar que ninguém pode ajudá-la como ela gostaria. Finalmente chegou a hora de enxergar que Josh não é a solução para tudo que ela sempre imaginou.

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