It – A Coisa: seis maiores diferenças entre o filme e o livro de Stephen King

Stephen King levou o medo de palhaços a um novo nível. Em seu livro de 1986, It, ele introduziu ao mundo as sete crianças do The Losers Club, que enfrentam um palhaço que mata crianças chamado de Pennywise.

Pennywise é uma entidade maligna que está tocando o terror na cidade natal das crianças, em Derry, Maine. Derry aparece em vários romances de Stephen King, como Pet Cemetery e The Body, além de ter servido como material de origem do filme Stand By Me. Mas foi em It que os fãs do autor conheceram a história sombria e o que habitava os esgotos da ficcional Maine.

O romance tem mais de 1000 páginas, e os detalhes dos tempos mais sombrios de Derry são mostrados em vários períodos. Como acontece com tantos filmes, nem tudo que está nos livros apareceu na versão cinematográfica. Nem a série It, de 1990, com mais de 3 horas de duração, conseguiu mostrar todos os detalhes do livro.

Para a alegria dos fãs do livro, o novo filme é bem fiel ao material. Principalmente por que os cineastas decidiram dividir a história em duas partes.

A cena inicial de It – A Coisa, com o assassinato de George, é quase idêntica ao capítulo que inicia o livro. Com a diferença de que no filme o corpo de George nunca é recuperado.

Confira abaixo as seis maiores diferenças entre o filme e o livro de Stephen King.

A época

A principal diferença entre o livro e o filme é a época em que a história se passa. No livro de King, a ação acontece entre 1984 e 1985, com os Losers Club já são adultos. O livro tem vários flashbacks para 1957-1958, quando George, irmão mais novo de Bill, é assassinado e eles veem Pennywise pela primeira vez.

O filme, talvez para aproveitar a onda de nostalgia dos anos 1980, impulsionada por Stranger Things, optou por deixar o Losers Club crescendo durante essa década. O filme It – A Coisa é o Capítulo Um da história, e o filme da sequência mostrará as crianças como adultos, 27 anos depois. Ou seja, se passará nos dias de hoje.

Os monstros

Talvez um dos aspectos mais icônicos da história seja a habilidade de Pennywise de se transformar em cada medo específico das crianças. Já que o filme se passa nos anos 1980, ele pode tomar forma de alguns dos monstros cinematográficos mais icônicos.

É legal ver os monstros icônicos dos anos 1980 no filme, mas no livro não é bem assim. Bill é assombrado por Georgie no livro, mas Mike não vê um passado gigante e Stan não vê aquelas crianças. O filme mostra a icônica estátua de Paul Bunyan, mas ela não ganha vida. Já a maravilhosa e sangrenta cena de Beverly na pia fica ainda mais sinistra.

Mike Hanlon

O livro é vagamente narrado por Mike Hanlon, que vira bibliotecário de Derry quando mais velho, e é o responsável por trazer o Losers Club de volta para Derry para o confronto final. Mike passa boa parte da vida colhendo informação sobre a sombria história da cidade, que parece estar ligada à aparição de um palhaço que já foi visto antes de uma grande tragédia, como a explosão de 1906 que matou 88 crianças.

No filme, esse papel é transferido para Ben, que anda com o Losers Club pela história da cidade por meio de seus recortes de jornais. Mas essa não foi a única mudança no personagem de Mike. Ele tem uma conexão especial com seu pai no romance, mas no filme perdeu seus dois pais num incêndio – algo que Pennywise usa contra ele – e agora vive com seu avô numa fazenda.

Henry Bowers e seus amigos

It – A Coisa tem mais de duas horas, mas mesmo assim não capta o quanto Henry é uma ameaça constante para os garotos no livro. Ele aparece constantemente. A luta acontece, mas o filme foca mais em Pennywise como uma ameaça constante. E isso não é ruim!

Mesmo com a presença reduzida – quando comparada ao livro -, Henry ainda é bem parecido ao livro. O seu pai foi de fazendeiro, nos livros, para um policial abusivo, mas Henry ainda se vinga dele com a faca que ganhou de presente de Pennywise.

A controversa cena de sexo

Uma das cenas mais controversas e ultrajantes do livro de Stephen King acontece logo depois os garotos derrotarem (ou acharem que derrotaram) Pennywise ainda crianças. As crianças começam a brigar e se separam depois do evento traumático, e se perdem nos esgotos. Como uma maneira de uni-los novamente, Beverly tira a roupa e se oferece ao grupo. É uma cena bem estranha e inapropriada, que King não antecipou seu impacto. Em seu site StephenKing.com, o autor explicou: “Eu não estava realmente pensando no aspecto sexual disso”. A orgia fortalecedora de laços foi idealizada para “relacionar a infância e a idade adulta”, segundo o autor.

Er… Felizmente a cena foi cortada do filme. O diretor Andy Muschietti explicou, em entrevista para a Collider, que a cena não era necessária. “No final, a substituição por isso é a cena com o juramento do sangue, onde todos dizem adeus”, contou o diretor.

Beverly

O filme transforma Bev numa espécie de “donzela”, fazendo Pennywise sequestrá-la como um meio de atrair os meninos para o seu esconderijo. Bev fica vendo as luzes e corpos flutuantes num estado catatônico… até o beijo de Ben acordá-la. Mas Bev sempre foi corajosa o suficiente para entrar nos esgotos sem precisar ser levada como isca.

A desconfortável relação de Bev com seu pai também existe no livro. Mas o filme pesa mais no ar estranho, inapropriado e incestuoso da relação, e ignora o relacionamento violentamente abusivo do livro. Nos livros Bev também precisa lidar com o slut-shaming e o triângulo amoroso entre Ben, Bill e Bev é muito presente. Nos resta ver se a sequência de It – A Coisa vai abordar o casamento abusivo da personagem ou se essa parte será alterada.

O filme It – A Coisa tem mudanças com relação ao livro,sim. Mas isso não diminui o filme e nem tira o seu mérito de ter sido uma adaptação brilhante e que não incomoda os fãs do romance!