[Crítica] Caça-Fantasmas (2016)
Sempre bom ir ao cinema assistir a um filme e gostar. Ainda mais quando você é surpreendida positivamente por ele por ir assistir sem esperar tanto. Foi exatamente isso que aconteceu com Caça-Fantasmas. O filme rendeu polêmicas desde o início. Os fãs saudosos do filme dos anos 80 não gostaram de saber que um filme seria feito sem Bill Murray e cia., mas a polêmica cresceu ainda mais após ser divulgado que o diretor Paul Feig faria o filme com protagonistas mulheres. Isso fez o trailer do filme ser o mais “descurtido” do Youtube, com vários comentários reclamando que o filme “estragaria a infância”. Mas aí o filme estreia, você assiste e ele é ótimo. E todo o hate foi bem gratuito.
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Primeiramente, Caça-Fantasmas não é uma refilmagem do clássico de 1984. Os eventos não são os mesmos e as personagens não são as mesmas. Nenhuma das quatro protagonistas interpretam “o Bill Murray” ou o “Dan Aykroyd”. São personagens novos, história nova. O filme é um reboot.
Erin Gilbert (Kristen Wiig) é demitida de seu emprego na Universidade de Columbia após sua amiga de longa data Abby Yates (Melissa McCarthy) colocar o livro que as duas fizeram no passado à venda no Amazon. No livro, as duas tentavam comprovar a existência de fantasmas de forma debochada. Elas não acreditavam nisso, mas começam a surgir sinais de que pode ter alguma verdade ali. Então as duas se juntam à engenheira Jillian Holtzmann (Kate McKinnon) e Patty Tolan (Leslie Jones), que trabalhava no metrô e começam a tentar controlar toda a situação. E o que este filme tem de semelhante ao original é isso: um grupo de quatro pessoas e um ataque de fantasmas em Nova York.
Um momento para falar sobre as quatro protagonistas. A química entre elas é incrível! Kristen Wiig e Melissa McCarthy estão ótimas em seus papéis e super engraçadas. Melissa está um pouco mais contida aqui, mas ainda assim nos dá ótimos momentos em cena. Leslie Jones pode ser mais desconhecida para a maioria: ela é do Saturday Night Live e também está super engraçada em cena. Wiig e McCarthy são as principais do filme. Mas Kate McKinnon, também mais desconhecida e que “nasceu” no Saturday Night Live, é o grande destaque aqui. Os momentos mais cômicos estão com ela e é inevitável não ter a atenção puxada para a sua personagem mesmo quando ela está no fundo, sem qualquer fala. Sem mencionar os momentos em que ela vira destaque e pode realmente brilhar no filme.
Mas não para por aí: outra adição genial no elenco foi Chris Hemsworth, que também está maravilhoso no papel. Ele está super engraçado e também é um dos pontos altos do filme. Chris vive o bobalhão e sex symbol estúpido Kevin, recepcionista das quatro caça-fantasmas. Não esperava gostar tanto de vê-lo fazendo comédia. Ótimo timing cômico! E ele tem uma importância maior para a história.
Geralmente não gosto de filme em 3D, mas acho que esse vale o ingresso! O uso que o filme faz do 3D é ótimo e vale a pena ser visto: o filme tem uma barra preta em cima e embaixo durante toda a exibição para dar um efeito ainda mais legal das coisas “saindo da tela”.
E não poderia faltar: o filme também provoca o machismo. Há piadas que ironizam a misoginia e mencionam haters que lotam comentários pela internet indignados porque mulheres não podem caçar fantasmas (lembrou de algo?), mirar o laser no saco de um fantasma, o nerd loser, sexista e solitário, as mulheres com um super vocabulário científico em alguns momentos e mais.
Mas o filme não é apenas uma argumentação sobre gênero e contra o machismo. Ele também é diversão de qualidade e uma homenagem bela e sutil ao filme de 1984. Música, diálogos, participação especial de Bill Murray, a geleia e o marshmallow gigante, de vez em quando aparecem elementos para fazer os fãs mais nostálgicos sorrirem. Ah, e tem mais participações especiais… Como defeito, talvez o clímax pudesse ser encurtado, mas isso não chega a estragar o filme.
Elenco afiado, personagens carismáticas, direção bonita, roteiro redondo e com boas sacadas, subtexto crítico, cenas cômicas muito engraçadas, cenas de ação emocionantes e efeitos especiais muito bem feitos. Caça-Fantasmas acerta ao não tentar replicar o original e trilhar o seu próprio caminho.