[Crítica] The Beach Boys: Uma História de Sucesso (2015)
O filme The Beach Boys: Uma História de Sucesso (aliás, a tradução do título para o Brasil é das mais terríveis já feitas por ignorar qualquer aspecto da obra) conta a história da vida de Brian Wilson em dois recortes importantes. Num deles, mostra como o jovem revolucionou o mundo da música com a composição de produção de Pet Sounds, um dos discos mais importantes do rock mundial, de 1965.
No segundo momento, acompanhamos a luta de Brian para se livrar de um guardião canalha, que atua como um vampiro na vida do músico, sugando toda sua riqueza, contatos e alegria. Isso foi possível porque Brian tem uma personalidade instável. Muito maltratado e desejoso do amor do pai, ele foi facilmente influenciado pela época de culto às drogas. Usou tantas e tanto que não foi possível levar uma vida livre das sequelas mais impactantes.
The Beach Boys: Uma História de Sucesso conta com uma atuação impressionante de Paul Dano, que interpreta o compositor na idade mais jovem. Em sua atuação, Paul consegue veicular o olhar perdido, de criança, que o artista ostentava quando queria convencer os outros de sua visão musical. Nem sempre conseguia. Um fator de grande tensão na banda era que Brian queria constantemente estar encarregado de cada passo da carreira musical do grupo, muitas vezes sufocando os outros.
O melhor momento do filme são as sequências que procuram demonstrar como o disco Pet Sounds foi realizado. Não apenas a atuação de Paul é impecável, como toda a direção de arte parece ter se debruçado com seriedade sobre aquelas sessões de gravação em 1965. O resultado é fantástico. Para fãs, é possível escutar frases melódicas perdidas de músicos de câmara e saber que música estão ensaiando. Tudo não dura mais de cinco minutos, mas fica eternamente com o espectador.
O ponto baixo infelizmente fica com a época posterior. John Cusak faz muito esforço para levar às telas um Brian convincente, mas não consegue. A princípio, a escolha deste ator já parece terrivelmente equivocada. Cusak é muito magro, não tem nenhum traço semelhante aos de Wilson, nem voz nem qualquer outra coisa. A atuação fica sofrida também pela discrepância de aparência de um ator (Dano) para o outro (Cusak).
Enfim, The Beach Boys: Uma História de Sucesso serve para entender como Brian Wilson conseguiu dar a volta por cima, muito recentemente, e terminar a grande obra de sua vida, o álbum Smile. No entanto, a fase representada por Cusak poderia ter sido cortada pela metade sem grandes perdas. Ou ainda, Paul Dano poderia ficar encarregado de interpretar a segunda parte também. Com alguma maquiagem e menos tempo de tela, o filme poderia ficar mais enxuto e potente.
Nota: 3.5/5