[Crítica] Happy Valley – 1ª temporada (Netflix)
Séries inglesas no geral têm esse traquejo de jamais serem pretensiosas. Suas temporadas são curtas -quase sempre com seis episódios -, suas tramas enxutas, sem enrolação, e sua dimensão humana não é deixada de lado pelo mero efeito.
Estava eu procurando no Netflix qualquer coisa que fosse minimamente parecida com The Fall, e tive uma bela surpresa ao encontrar esse drama policial. Em Happy Valley, série criada por Sally Wainwright e exibida em 2014, conhecemos a história da policial Catherine Cawood, que atua numa região de Yorkshire. Sua rotina é a de uma policial comum numa pacata cidade, em que os maiores perigos são o de se cruzar com um ou outro adolescente em plena badtrip de drogas as mais variadas. Mas principalmente maconha.
Neste cenário (em cujos personagens lembram muito os de Fargo, pela sua pequenez, mesquinharia), um contador tímido bola o improvável plano de sequestrar a filha de seu chefe para pedir um resgate de meio milhão de libras. A decisão vem na esteira de a ele ter sido negado um aumento pelo mesmo chefe depois de anos de trabalho na empresa.
Muito ao estilo de Fargo, um plano criminoso mal pensado e pior executado, por gente que definitivamente não nasceu para viver no crime, vai ganhando dimensões absurdas. O melhor da série, no entanto, resta no drama humano que também vai ganhando corpo e jamais parte para o sentimentalismo.
A policial Catherine, interpretada fortemente por Sarah Lancashire, descobre-se, perdeu uma filha, que cometeu suicídio pouco depois de dar à luz um garoto fruto de estupro. O tom mais pesado e sombrio vai tomando conta aos poucos da série, enquanto Catherine procura capturar o criminoso culpado por perpetrar o abuso da filha.
Foi divulgado que a série ganhará uma segunda temporada; ela chega em 2016 – a data exata ainda não foi anunciada.
Nota: 4/5