Crítica

[Crítica] Em Três Atos (2015)




O filme Em Três Atos, de Lúcia Murat, foi exibido primeiramente no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e agora irá estrear nos cinemas no dia 10 de dezembro. Ele é protagonizado pelas bailarinas Angel Vianna e Alice Poppe e pelas atrizes Andrea Beltrão e Nathalia Timberg.

O filme, na verdade, mistura ficção e documentário, tudo conduzido por textos da feminista Simone de Beauvoir. O filme reflete sobre a velhice, mostrando os contrastes entre a bailarina jovem e a bailarina velha. Uma mulher de 50 anos acompanha os últimos dias de vida de sua mãe, que está no hospital, e faz reflexões. Em paralelo, ela também é vista aos 80 anos, fazendo o seu balanço de vida, refletindo sobre sua velhice e sua própria morte.

O filme é bem curto, pouco mais de rápidos 70 minutos, mas consegue transmitir uma mensagem poderosa, sempre intercalada com movimentos de dança contemporânea das duas bailarinas. Como o nome denuncia, o filme é dividido em três atos: o corpo, a arte e a despedida.

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Ele consegue tratar do tema de maneira delicada, tocando a finitude, continuidade, juventude e velhice. O filme não tenta dar respostas, mas apenas criar questões e sensações. Além das limitações do corpo jovem ao lado do corpo envelhecido, o filme consegue traduzir bem a diferença entre o medo da morte de alguém próximo de nós e o medo de morrer.

Assim como as bailarinas, que conseguem mostrar bem as diferenças e limitações em seus corpos, as duas atrizes estão ótimas ao declamar suas falas, dando força a cada palavra com suas expressões, pausas, gestos e nuances.

O formato do filme, que é focado apenas no diálogo e passos de dança contemporânea, pode cansar os desavisados. Mas ele merece ser visto, pois nunca se rende a clichês e explora o seu tema de forma crua e sutil. É uma grata surpresa.<

O roteiro foi baseado principalmente nos livros “A Velhice” (1970) e “Uma Morte Muito Suave” (1964), de Simone de Beauvoir, e no espetáculo “Qualquer Coisa A Gente Muda”, do coreógrafo João Saldanha.

Nota: 5/5

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