[Crítica] Jogos Vorazes: A Esperança – O Final (2015)
Chega ao final a franquia Jogos Vorazes, baseada nos livros da escritora Suzanne Collins. Fico contente em dizer que os realizadores desta saga guardaram o melhor para o final. Esta parte do filme é satisfatória em cada empreendimento; surpreende, emociona e, por que não, encanta.
No último capítulo, acompanhamos os rebeldes, liderados por Alma Coin (Julianne Moore), na sua tentativa de depôr o presidente Snow (Donald Sutherland). O espectador começa a farejar as primeiras pistas de que talvez a turma revolucionária não tenha em mente ideais absolutamente morais. Importa a eles a revolução em si.
Vamos nos adaptando a essa realidade a partir dos olhos de Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence). Obcecada por vingança – especialmente na forma de assassinato do presidente Snow – a heroína parece disposta a tudo para alcançar a sua meta. A maneira como a história é conduzida parece exemplar, principalmente quando se compara com o terceiro filme. Podemos sentir a angústia de Katniss em cada derrota que ela tem de amargar, e toda vez que precisa se levantar novamente.
Diferente de outras sagas de distopia adolescente, que precisam deixar muito claro quem é o vilão da história, Jogos Vorazes aposta numa trama mais complexa – ou desencantada – e próxima ao mundo real (mérito aqui que precisa ser concedido à coragem da escritora Suzanne Collins). A motivação dos personagens parece mudar ao longo do filme, mas não porque sejam frívolos ou mal construídos, mas porque sempre esconderam segundas intenções.
O filme aposta em falar de mal estrutural em vez do famoso sujeito consumido pela vilania. E é isso que faz da parte final da saga a mais forte. Há boas cenas de ação (principalmente uma muito tensa que se passa dentro de um túnel), mas elas tomam gentilmente o lugas secundário em vista do peso reflexivo que o filme propõe ao seu público alvo – os adolescentes.
Nesse sentido, o filme propõe uma saída razoável e corajosa. Ouso dizer que é a mensagem mais bonita já capturada numa série adolescente – bonita porque foge aos lugares comuns do romance, da coragem e da família.
Não fosse o suficiente contar com um roteiro consistente, redondo, cenas de ação otimamente dirigidas, direção de arte e fotografia interessantes, o filme ainda é abençoado com uma chuva de maravilhosas atuações. Josh Hutcherson, como Peeta, traduz com muita competência o sentimento de confusão daquele mundo em frangalhos; Julianne Moore como sempre está fantástica, assim como todo o elenco de suporte que, à exceção do jovem Liam Hemsworth – um tanto monótono e sem paixão -, está na medida certa e comunicando bastante emoção.
Destaque absoluto e nada inesperado fica com Jennifer Lawrence. A atriz, melhor de sua geração, sem dúvida, transborda energia contida em sua atuação. Katniss é fria, é manipuladora, é corajosa, aguerrida e carrega uma dor que ganha proporções inacreditáveis nesse filme. Há muita conversa de que a atriz será indicada novamente ao Oscar em 2016 pelo filme Joy: O Nome do Sucesso; não seria nada desmerecido, no entanto, receber uma indicação pela sua interpretação, desde já inesquecível, de Katniss Everdeen. No último filme de Jogos Vorazes, absolutamente tudo dá certo, tudo funciona, e o espectador sai com a sensação de ter presenciado algo mais do que um mero filme de franquia distópica adolescente.
Nota: 4.5/5