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[Crítica] The Leftovers: 2×05 – No Room At The Inn

[Crítica] The Leftovers: 2x05 - No Room At The Inn

[contém spoilers]
Cara, não deve ser fácil estar na pele do Matt. No ótimo episódio da primeira temporada, “Two boats and a hellicopter”, já testemunhamos a magnitude dos percalos por qual passaria esse bom homem. Bom homem, sim, ao que tudo indica. Continuando a sua estrutura de estudo de personagem na qual a série mergulhou nessa segunda temporada, conhecemos ainda mais a fundo o religioso Matt. Até onde ele pode aguentar? Até que ponto pode se dobrar o otimismo, a esperança humana?

A julgar pelo episódio, parece não haver limites. O episódio se inicia com a ótima sequência de Matt tentando recriar as condições do dia que levaram a sua mulher Mary a sair de um coma brevemente para “falar a noite inteira” com ele. Isso envolve tocar a mesma música no aparelho de som, tomar o mesmo café da manhã etc. A trilha sonora é ótima, é positiva. A gente até acredita que ele vai conseguir fazer com que ela fale outra vez. 

Mas há algo mais sombrio acontecendo ali. A forma como Matt filma a sua mulher todos os dias com o laptop e assiste no dia seguinte pacientemente é um tanto perturbadora: nada mais é do que o indicativo de onde a resitência desse homem pode chegar. No meio da noite, de repente, ele se desespera, grita com a mulher. Ao se ver fazendo isso na tela do laptop, sabe que precisa respirar fundo e começar tudo de novo. 
O episódio segue numa dança macabra em que cada boa notícia que Matt recebe é seguida de duas horríveis. Vemos ele ser atacado por um pai e filho, que desejam roubar as preciosas pulseiras que dão acesso a Jarden. Vemos ele empurrar a mulher na cadeira de rodas apenas para ter a entrada na cidade negada. Ele briga com um homem insuportável na fila, arruma confusão com John na pior hora possível. E se vê, por fim, desertado entre os malucos acampados que desejam entrar naquela cidade. 
Não é à toa que o livro bíblico preferido de Matt seja o de Jó. Deus testou a fé de Jó de maneira ferrenha. Mas Jó era abastado, tinha uma vida tranquila, coisa que nunca parece ter sido o caso de Matt. Segue-se uma sequência bizarra e fascinante em que Matt destrói um remo de madeira nas costas de um homem, que pede por isso e lhe paga 500 dólares pelo feito. O dinheiro serve para Matt pagar um outro maluco, sueco, que vai supostamente ajudá-lo a voltar para Jarden. Você acha mesmo que ele iria conseguir?
Matt e a mulher são jorrados para fora do cano de esgoto por onde tentavam se infiltrar. Nesse momento a música do início do episódio toca: é tudo de novo, é toda desgraça de sempre acontecendo mais uma vez. A trilha aqui dá um toque de humor negro que é esplendoroso. 
O ator inglês Christopher Eccleston nos entregou mais uma vez uma atuação vigorosa. Seus olhos vidrdos não podem sugerir outra coisa senão um homem de fé. O final é intrigante. Como Jó, ele também acredita que o mundo o escolheu para ser alvo de todas as aflições possíveis. 
4/5

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