[Mostra Cinema SP 2015] O vovô
Porque envelhecer é um fato assustador, a maioria das pessoas deixa para pensar sobre o tema quando já alcançou a terceira idade e, não raro, o impacto é demais para aguentar. Disso trata o filme islandês O Vovô. O filme nos conta a história de Guðjón (interpretado belamente por Sigurður Sigurjónsson), que ao não se reconhecer mais na própria pele passa a questionar cada decisão de sua vida e ao que elas levaram.
A direção é delicada e o clima no geral leve (o que tempera bem com o tema, pesado por si só). Guðjón tem dificuldades para urinar, mas teme ir ao médico e descobrir que seus problemas podem ser maiores e irreversíveis; ele passa um fim de semana em El Salvador com a mulher e não consegue ver graça nas coisas à sua volta (cenas no Resort são especialmente engraçadas); não quer que a filha se case com um sujeito que ele considera inadequado; e assim por diante. Não há, de uma hora para outra, uma decisão de sua vida que tenha sido acertada.
O filme começa e Guðjón se pergunta sobre o sentido de esperar. Passamos mesmo a vida inteira esperando por alguma coisa, não? Ao retornar para sua casa na Islândia, o protagonista inicia um movimento de mudança de vida que culmina em pequenas desventuras. Sua tentativa de restabelecer virilidade ao se reencontrar com uma namoradinha da juventude (hoje lésbica) é apenas um dos exemplos do que lhe acontece.
O tom da obra é agradável e benéfica à meditação de que as escolhas fazem o homem, e não é por que a vida muda o tempo inteiro que temos que seguir mudando com ela. Há sabedoria em esperar.
Nota: 3.5/5