[Mostra Cinema SP 2015] A Floresta Que Se Move
Não deveria uma adaptação revelar alguma coisa nova? Adaptações cinematográficas das peças de Shakespeare, principalmente quando vestidas em roupagem contemporânea, são conhecidas por transportar as tão conhecidas falas do bardo inglês para as telas e… nada mais. A Folresta Que Se Move funciona do mesmo jeito – com agravantes.
Retire a ambição de recriação artística na linguagem cinematográfica e o que pode sobrar de impactante são competentes atuações. Kenneth Branagh vem à mente. Quem sabe Michael Fassbender não fará trabalho magnífico na nova adaptação de Macbeth que está para sair? Ainda assim, é só o que se pode ter: boas atuações.
Nessa adaptação brasileira da peça, as atuações, todas, são problemáticas. Os atores do filme são todos talentosos, o que sugere que o problema reside mesmo na direção. Desde a pouca contenção gestual e de entonação até o português dito (conjugações de verbo etc.), tudo sugere que aqueles atores estão em pé sobre um palco declamando suas falas. Não funciona. Perde-se a identificação (e, sim, é possível identificar-se, mesmo que pela repulsa, com a ambição inescrupulosa).
Situaçãos, diálogos, parecem haver sido pouco polidos na transposição. Ficamos com alguns sujeitos inseridos nalgum Brasil dificilmente identificável que falam coisas Shakespeareanas. Se a intenção do filme era justamente criar um universo sem marca regional, a intenção parece funcionar contra o sucesso da obra, pois se coloca ainda mais como uma adaptação de pouca relevância, entre tantas outras. E, nesse caso, para que um filme?
Imagens que buscam ser fortes, imprimir impressão maior no espectador foram todas feitas antes. A mulher na banheira ensanguentada, o corpo caindo sobre a mesa de vidro… e a lamentável bala em câmera lenta que quer sugerir… o quê?, a tragédia do acaso?
Muito pouca coisa funciona nesse filme. Especialmente se o espectador já leu ou assistiu alguma montagem da peça Macbeth, a sensaão é de irrelevância. Se não, funciona como um primeiro contato com a obra de Shakespeare, algo como aqueles livros adaptados para adolescentes aprendendo inglês.
Nota: 2/5