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[Crítica] The Leftovers: 2×01 – Axis Mundi

[Resenha] The Leftovers 2x01

[contém spoilers]

O cinema agoniza. A televisão, a cada ano, floresce. Talvez não a televisão como um todo, como um meio de comunicação, mas as produções que decidiram não fazer concessões para o público tem encontrado (surpresa) maior público e elogios imoderados da crítica em geral.

A série The Leftovers segue na vanguarda, ao lado de tantas outras. O primeiro episódio da segunda temporada serviu para mostrar que a gente pode estar assistindo a algo, sem entender absolutamente nada de imediato, e adorar o resultado; adorar, afinal de contas, porque arte não se limita à compreensão, abre universos de entendimento, principalmente de entendimento estético.

Começa o episódio e acomapnhamos a saga de uma ancestral feminina, milhares de anos atrás, não tem-se muita certeza de que era, tendo um bebê e tentando mantê-lo vivo. Ela salva o filho de uma cobra mas, no processo, é atingida. O veneno não custa em agir. Em poucos instantes a mãe morre, não sem agonizar bastante, e o bebê e acolhido por uma outra mulher das cavernas. A sequência absolutamente hipnótica em primeira vista tem apenas a intenção de apresentar um novo e importante local da série. A mulher morre na beira de uma espécie de lago, na cidade de Jarden, Texas, onde, anos no futuro, estão se banhando Evie Murphy e suas amigas.

A partir daí somos apresentados à família Murphy. Tudo parece uma dança no episódio, coreografada à perfeição à medida que os personagens surgem e, com eles, elementos fundamentais que farão parte da nova fase da série. Nova fase, de fato, afinal de contas, com a segunda temporada a série dá adeus ao livro de Tom Perrota (homônimo; no Brasil pode ser encontrado sob o título de Deixados Para Trás) como uma âncora na qual se basear. Tudo é novo.


Agora já se foram vinte minutos de capítulo e você ainda não entendeu nada, não conhece ninguém mas foi abduzido voluntariamente pela família Murphy e o seu patriarca suspeitosamente gente boa. A cidade em que moram, a gente logo descobre, deve ser o personagem mais imporante da nova temporada e aí temos uma bela sensação nostálgica de Lost. Damon Lindelof, co-criador da série, não negou suas obsessões nesse episódio e somos gratos a ele.

A Geografia, ao que parece, vai ter papel fundamental na temporada: quanto de nosso destino se dá ao lugar onde estamos? Jarde, que foi rebatizada por muitos como Miracle, foi a cidade menos atingida pelas ‘partidas’, ou melhor, não foi atingida: lá o número de ‘partidas’ é zero. Como resultado, muita gente ao redor do país foi até ali buscar moradia. Desdobramentos desse fato devem se complicar ainda mais em próximos episódios.

Descobrimos que John Murphy não é tão gente boa quanto parece, mas ainda estamos perdidos quanto a tudo que acontece. A dez minutos de o capítulo encerrar, os personagens Kevin, sua filha Jill, Nora e o bebê Lily. Ok, é lá que eles vão morar, lá em Jarden. Os novos e felizes residentes são vizinhos da família Murphy que prontamente os convida para um churrasco. Tudo é muito confuso e intigrante. Diversas cenas farão sentido após o segundo episódio da segunda temporada – o que apenas adiciona camadas e gratifica o espectador.

Os vizinhos vão se conhecendo aos poucos e conversando; parecem se dar muito bem. Ao final da noite despendem-se; a filha Evie sai com as amigas, como costume fazer. Após um leve terremoto que acorda toda a família Murphy, descobre-se que Evie não voltou para casa. John Murphy e o filho vão em busca dela. Ao chegarem no lago onde ela geralmente vai com as amigas, descobrem que a água desapareceu. Percebemos uma grande rachadura no fundo de onde deveria estar o lago. Pai grita por Evive e assim o capítulo termina.

O primeiro episódio da segunda temporada de The Leftovers talvez tenha sido bom demais para ser verdade e, assim como Lost, a série dificilmente aguentará manter o nível tão alto (as razões para que isso não venha acontecer são diversas); mas por enquanto o que conta é: estamos diante de um dos melhores episódios de qualquer série em 2015, muito possivelmente o melhor.

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