[Crítica] Atari: Game Over (Netflix)
No ano de 1982, mais especificamente perto do Natal, a maior companhia de videogames da época, Atari, lançou a sua versão em game do filme E.T. A empresa apostou diversas fichas nesse lançamento, fez milhares (milhões?) de cópias e investiu pesado em marketing. O game foi um fracasso retumbante. Encalhou nas prateleiras e ficou conhecido, até hoje, como o pior jogo de toda a história.
Muitos dizem que o fracasso do jogo foi o suficiente para iniciar um processo irreversível de destruição da empresa. A Atari fechou suas portas pouco depois do lançamento em 1982 e à época foi noticiado que a empresa havia ficado com tanta vergonha do game E.T que havia enterrado as milhares de cópias remanescentes num lixão. Desde então, o caso virou lenda urbana; há quem acredite e quem não acredite.
O documentarista, que também faz roteiros para o cinema e para games, Zak Penn chama para si a responsabilidade de descobrir se há ou não jogos enterrados no lixão, que se encontra em Albuquerque, estado de New Mexico. Com competência ele entrevista pessoas relevantes e conta a história da empresa Atari, que foi de alguma maneira o primeiro grande expoente a surgir do Vale do Silício – o polo tecnológico mundial por excelência.
Um dos entrevistados chega a dizer, bastante empolgado, que a Atari criou o Steve Jobs, porque focava na inovação e tinha um ambienten de trabalho despojado.
É fascinante viver (ou reviver) a partir desses persnoagens o sucesso que foi a Atari, e não deixa de ser curioso pensar em como games que para nossos padrões atuais eram tão malfeitos podiam causar tamanha mágica em quem os jogasse.
Há uma figura trágica no documentário, e é o personagem mais interessante: Howard Scott Warshaw. Ele foi o responsável por desenvolver em cinco semanas, um tempo muito curto para programar um jogo inteiro, E.T. O engenheiro vinha de diversos sucessos, como Yar’s Revenge e outros, mas em cinco semanas não foi capaz de entregar ao mercado um game dinâmico o suficiente para aquecer as vendas. Depois disso, com o fim da empresa, Howard passou trinta anos pulando de emprego em emprego até reencontrar a sua vocação como um terapeuta.
O documentário é repleto de momentos singelos, mas o seu forte é delinear com detalhes como se deu a revolução criada pela Atari. Assista e descubra de uma vez por todas se há ou não games enterrados no lixão de Albuquerque.
Nota: 3.5/5