[Crítica] The Fall (Netflix)
Tem sido extensa a oferta de boas séries na TV – essas quase que exclusivamente em canais fechados (e na categoria o Netflix, como serviço de vídeo sob demanda, vem se destacando). Uma das séries mais satisfatórias atualmente é The Fall, que pode ser assistida no Netflix.
The Fall é uma série adulta, no melhor sentido da palavra – não faz concessões em nenhuma parte de sua produção: nem no roteiro, nem nas atuações e nem no tema. A série trata de como o serial killer Paul Spector (interpretado por Jamie Dornan) vai continuar praticando elaborados assassinatos sem ser pego pela polícia. A instituição da polícia na série ganha destaque e por se passar em Belfast – cenário histórico de conflitos político-religiosos e violência dos e contra policiais – tem um enfoque especial.
A figura fundamental, no entanto, que representa a força policial é a detetive Gibson (Gillian Anderson). Ela é chamada à cidade de Belfast de Londres inicialmente para investigar um caso que envolve pessoas importantes daquela região. Com o tempo ela começa a relacionar crimes anteriores com os que passam a ocorrer. É interessantíssimo acompanhar o processo investigativo da agente Gibson e pensar junto com ela o que motiva os assassinatos e qual será, possivelmente, o próximo passo do serial killer.
O grande mérito de The Fall é pegar a história batida do psicopata serial killer que e perseguido por um agente da lei que fica crescentemente obcecado com o caso. Muito já foi feito com o tema,em filmes, séries e, principalmente, livros. A gente pode até começar a assistir uma série assim com a sensação de “já vi isso antes”. É então que a série vai brilhando com cada novo capítulo.
Jamie Dornan é um ator pontual. Acerta onde precisa, evoca com competência a ausência de grandes gestos emotivos de certa personalidade psicopática. Ele é bom; ainda há espaço para crescer mais, no entanto isso não atrapalha a série. Já Gillian Anderson é escandalosamente boa no papel, certamente seu grande momento depois do saudoso Arquivo X. Dificilmente se descarta essa série após conhecer o complexo personagem que ela interpreta.
Na esteira dos acontecimentos, há ainda um olhar mais honesto sobre o feminismo, diferente da panfletagem que comumente se encontra nas produções norte-americanas atuais. A direção e roteiro (aqui fica um empolgado parabéns ao Allan Cubitt, que idealizou e escreveu todos os capítulos da série) são de uma economia que é realmente bela – faz falta em muitos dos produtos pensados para a TV.
Autalmente podemos assistir duas temporadas da série, são onze episódios no total, no Netflix. Uma terceira temporada foi confirmada e deve estrear no primeiro semestre de 2016. Se você aprecia qualidade numa série, não pode deixar de assistir The Fall.