Uncategorized

[Resenha] True Detective: Season Finale + Considerações finais

[Resenha] True Detective: Season Finale + Considerações finais

Está acabado. Agora o momento é de se perguntar: valeu a pena?


Desde a exibição do primeiro episódio da nova temporada, uma coisa não se pode negar, ela veio recebendo uma avalanche de críticas negativas. Se quiser conhecer algumas das 10 razões mais recorrentes para isso, clique aqui. Em defesa, a argumentação da maioria dos fãs versou a respeito de a segunda temporada não dever ser comparada com a primeira, pois, afinal de contas, trata-se de um outro universo, com suas características e complexidade particulares.

A primeira coisa que pensei ao assistir à series finale foi como eu adoraria um episódio de uma hora e meia sobre Rust e Marty. Podia-se explorar mais daquele assassino white trash bizarro e seus crimes ritualísticos. A coisa toda aconteceu bem rápido mas, well.. acabou sendo legal também. Já uma hora e meia para Velcoro e cia… aí é uma outra história.

O que aconteceu no episódio final?

A gente entendeu. O poder corrompe. Ok, a gente entendeu, corrupção rola em todos os níveis de hierarquia e quase sempre alcança patamares institucionais. Foi bem isso a mensagem da série, e o argumento foi colocado da maneira mais esquemática possível.

Descobrimos que a assistente de Caspere e o carinha do set de filmagem eram as duas crianças do assalto à joalheria. A garota cresceu e conheceu Tony Chessani, que a fez trabalhar naquelas festinhas para ricos e, depois, conheceu Caspere, se tornando a sua assistente com um nome e cabelo diferentes. Mas seu irmão passou por lares adotivos, eternamente traumatizado pelo assassinato de seus pais. Foi ele, também descobrimos, que pegou o carro e levou o corpo de Caspere, o que deu início a toda a investigação. Paul e Ani, de alguma forma miraculosa, ainda estão crentes que têm uma chance de revelar os crimes e prender os figurões da cidade de Vinci.    

Ao longo do episódio, assistimos a uma sucessão penosa de erros e acertos que culminam na morte de Ray e Frank e na fuga de Ani e Jordan para a Venezuela (taí algo interessante, seria uma piada dizer que até a Venezuela é um paraíso em termos de corrupção quando comparada a Vinci?). Tudo com uma boa dose de emoção forçada – você se pergunta o tempo inteiro: Tá, mas se esse cara morrer, eu me importo?

Últimas considerações sobre a segunda temporada (ufa!)

A finale – sem fazer bom uso da meia hora extra – está cheia de cenas longas que literalmente se arrastam, de tentativas de drama que naufragam pela falta da empatia de público/personagem, que não foi criada nos sete episódios anteriores, e, finalmente, há uma conclusão que falhou em ser impactante.

É notável como a arte da atuação sofreu nesse projeto. Se quiserem fazer um estudo sobre como roteiros superficiais paralisam o ator, podem assistir à segunda temporada de True Detective.

O úlitmo episódio é cheio de exemplos nesse sentido, com todos os atores principais. Até a consistente Rachel McAdams tem cenas vacilantes. Mesmo o Vince Vaughn, que foi tão massacrado (também aqui no Minuto Pop) não tem tanta culpa assim no cartório. É válido lembrar que o cara não é um mero comediante, tem uma carreira longa que, inclusive, se iniciou num filme de drama – ele possui, ao menos três filmes em cuja atuação dramática é elogiável; dois deles: ‘A Cool, Dry Place’ e ‘The Locusts’.

Há uma cena impagável, na estação, em que Frank tenta fazer Jordan acreditar que ele não a quer mais em sua vida. Trata-se de fingimento; ela percebe e diz: “You can’t act for shit.” Piada involuntária instantânea. Preste atenção em como ele reage às falas da mulher, é uma atuação escolar, amadorística, e está diretamente ligada à superficialidade da cena e dos personagens.


A tentativa de formar um casal nos quarenta e cinco do segundo tempo foi mais um tiro pela culatra. A série tentou a todo custo fazer com que Ray e Ani se amassem no último episódio e que fosse absolutamente fundamental que um estivesse presente na vida do outro, para que a morte de Velcoro fosse sentida ainda mais – outro dos exemplos de artificialidade de que a série padeceu nessa temporada. Espectadores atentos não compraram essa ideia; fato que se verifica facilmente pesquisando a tag #TrueDetectiveSeason2 no Twitter.

O clima de descontentamento e decepção foi generalizado. Está difícil encontrar vivalma que tenha gostado desse desastre monumental. O coro foi o seguinte: “como posso entrar em contato com a HBO e pedir as 8,5 horas da minha vida de volta?”.

Dito tudo isso, aguardo com curiosidade pela terceira temporada, porque erros acontecem, especialmente na indústria do showbizz onde se depende de tanta gente e interesses distintos. Outra coisa que me faz acreditar num retorno mais sólido da série é que na segunda temporada muitos erros foram cometidos, erros de diagnóstico fácil; portanto, elimine-se tais erros e, contando com a habilidade de um escritor como Nic Pizzolatto, já se terá uma série decente.

Embedded image permalink

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *