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Resenha: True Detective – Premiere da segunda temporada

Nós do Minuto Pop somos fãs incondicionais (ou éramos) do escritor e produtor Nic Pizzolato e do que ele conseguiu criar com a primeira temporada de ‘True Detective’. Eu particularmente estava muito ansioso para o primeiro episódio dessa segunda temporada que tanto demorou para chegar. No entanto, a espera parece haver salgado a chegada. A série voltou muito, mas muito pior do que o esperado. Minuto Pop relata:


Pontos positivos

Nem tudo foi decepção. O elenco estelar que se conseguiu juntar para a segunda temporada (muito provavelmente porque os atores queriam fazem parte desse projeto ambicioso) está muito bem, obrigado. Destaques vão para Colin Farrell e Rachel mcAdams, que demonstram exemplar controle de atuação e tentam dar vida a personagens pra lá de superficiais.

Pontos negativos

Aqui, infelizmente, entra quase todo o resto. Comecemos pelo roteiro. A escrita de Ni Pizzolato, caracterizada pela contenção de fatos e mistérios chegou a um exagero que resvala no sem sentido. O telespectador teve que olhar para a tela e ver quatro sub-tramas desenvolvendo-se indiferentemente, espalhando dados desonexos numa narrativa pretensa que pretendia criar uma aura de intriga e acabou alienando quem tentava entender.

Adicion-se a isso personagens superficiais (a moça machucada pelo pai que agora repele o mundo masculino e tudo que ele representa; o policial com tendências sucidas que apenas se sente vivo quando acelera a moto na escuridão; um figurão do submundo criminoso realizando alianças espúrias) e o resultado é um carnaval de coisas que você já cansou de assistir em outras séries/filmes policiais.

A perda do diretor Cary Joji Fukunaga parece ter causado um dano maior do que o esperado. Na premiere da segunda temporada, alguns elementos narrativos de imagem são recuperados mas parecem mais macaquear os efeitos da primeira: o ambiente urbano-industrial da Califórnia com fundo de acid jazz não tem o mesmo impacto da Louisiana descampada e do blues rural – ali havia unidade, aqui não. Tudo remete a um clima de farsa no quesito direção.

Personagens esquemáticos são responsáveis por falas de impacto vazias que num primeiro momento parecem que nos vão arrancar um riso involuntário. “Eu queria ser astronauta”, diz o personagem de Colin Farrell, com afetada seriedade, “mas astronautas não vão mais nem para a lua”. Whaaaaat?

Depois de muito ser criticado por criar personagens femininas vazias e unidimensionais, Nic quis dar a resposta com a sua Ani (Rachel McAdams). Mas o resultado na tela é: mais clichê, uma mulher que se define a partir da relação machucada com o pai e que por consequência endurece no trato com os homens. Não é original, e muito menos complexo. Sequer comentarei o fato de ela se chamar Antígona (num primeiro momento pode fazer sentido porque seu pai é hippie – mas faria mais sentido ela se chamar Lua; não vejo lá muitos hippies lendo teatro grego); não há sutileza alguma em sugerir que ela é uma figura que se sacrifica pela família com esse nome. Desnecessário, truque fatigado.

O carnaval de clichês se desenrola sem pudor nas cenas seguintes e, não há dúvida, fica um gosto amargo para o fã da primeira temporada de “True Detective’. A melhor forma de sugerir quão desastroso foi o primeiro capítulo é se perguntar: você quer saber como vai se desenvolver aquele relacionamento pai/filha? Não. Voce quer conhecer os fantasmas que habitam o policial rodoviário? Não. Você tem alguma curiosidade de acompanhar os desmandos daquela trupe maquiavélica comandada pelo Vince Vaughn? É, foi o que pensei: não.

A premeire falha em envolver, em distribuir os fatos de maneira mais elegante, falha na construção da identidade da nova temporada. Tudo fica com cara de arremedo. O Minuto Pop deseja que a série consiga se erguer de alguma forma, mas estamos céticos.