Roteirista de Cinquenta Tons de Cinza diz que filme é ‘muito doloroso’ de assistir
Kelly Marcel, roteirista de Cinquenta Tons de Cinza, revelou que se sentiu incapaz de assistir ao blockbuster porque a versão final era muito diferente de sua “louca e artística” visão original.
A produção do filme de Sam Taylor-Johnson foi atormentada por relatos de que a autora dos livros E.L. James bateu muito de frente com a diretora britânica, já que a romancista tinha o desejo de garantir uma filmagem mais literal de seu livro. Agora Kelly Marcel revelou que ela ficou tão desanimada com a experiência de trabalhar em Cinquenta Tons de Cinza que não tem sido capaz de assistir ao filme.
“Meu coração foi realmente quebrado nesse processo, de verdade,” contou em podcast da Bret Easton Ellis. “Eu não digo isso com qualquer tipo de amargura, raiva ou qualquer coisa assim. Eu só não sinto que consigo assistir ao filme sem sentir um pouco de dor sobre quão diferente ele é do que eu realmente escrevi no roteiro.”
Ela contou que seus planos para uma leitura não-linear do romance foram inicialmente recebidos com entusiasmo pelo estúdio Universal. Mas ela percebeu que E.L. James só iria sancionar o corte final se ele seguisse à risca o seu famoso diálogo desajeitado.
“Eu não queria que a história fosse linear. Eu queria que começasse no final do filme, para nos encontrarmos no meio,” disse Marcel. “Então, começaria com uma surra, você veria um monte de flashes por todo filme… Eu queria tirar a deusa interior, todos os monólogos interiores de Ana… Eu queria remover um monte de diálogo. Eu senti que poderia ser um filme muito sexy se não houvesse muito diálogo.”
“Quando eu entreguei o roteiro eu percebi que todos falaram, ‘Sim, com certeza é isso que queremos!’ e ‘Você pode escrever qualquer coisa que gostar e ficar louca e artística com isso’ – o que era absoluta e totalmente mentira. Com razão. Erika ficava tipo, ‘Isso não é a maneira que eu quero que seja, e eu não acho que este é o filme que os fãs estão procurando…’ Em última análise, Erika tinha todo o controle.”
Relatos anteriores afirmavam que E.L. James ameaçou tirar seu apoio para o filme se o diálogo original não fosse mantido. A Universal contratou Patrick Marber para “aprimorar” o roteiro de Kelly. Mas E.L. James teria removido tudo que Marber teria feito, ameaçando alertar seus fãs nas redes sociais se ela fosse desafiada.
Taylor-Johnson admitiu a briga com James sobre o filme no início desse ano, falando para a revista Porter: “Foi difícil, não vou mentir.” Ela não assinou contrato para o próximo filme.
Marcel disse: “Houve um momento em que estávamos gravando há semanas… e claro que seria uma luta. É muito difícil chegar para dirigir e ser algemado dessa forma e não ser capaz de cumprir sua visão criativa porque há restrições sobre você.”
E.L. James irá tomar ainda mais controle no próximo filme, já que contratou seu marido Niall Leonard como roteirista.