Criador de Game of Thrones analisa a perturbadora cena de morte do último episódio
O criador de Game of Thrones Dan Weiss falou ao Entertainment Weekly sobre a sequência de Stannis Baratheon e sua filha, e como ela se liga a exploração do fanatismo da série. “Coisas horríveis vêm acontecendo com as pessoas dessa série, e esse é uma das que nós pensamos que foi totalmente [narrativamente] justificada,” disse Weiss. “Aconteceu pela situação em que Stannis se encontrou. Vai ser horrível de ver, mas foi pensado para ser horrível.”
Quando a publicação perguntou a Weiss a pergunta que certamente os fãs teriam: “Como você pôde fazer isso com Shireen?” Weiss observou filosoficamente que você poderia “virar essa pergunta” em um debate mais amplo sobre como nós somos muito mais seletivos sobre quais personagens merecem nossa empatia. Stannis vem queimando pessoas vivas por razões aparentemente triviais desde a segunda temporada, mas ainda tendemos a considerá-lo um grande líder, pelo menos pelos padrões de Westeros.
“É como um sistema de dois níveis,” observou. “Se um super-herói derruba um edifício e há 5 mil pessoas nele que podemos presumir que agora estão mortas, o que importa? Porque eles não são pessoas que conhecemos. Mas se um cão que nós gostamos é atropelado por um carro, é a pior coisa que já vimos. Eu compreendo totalmente essa reação visceral que acontece. Eu tenho essa mesma reação. Há algo ruim sobre isso. Então, em vez de dizer, ‘Como você pôde fazer isso com alguém que você conhece e se preocupa?’ talvez quando isso acontece com alguém que não conhecemos tão bem, talvez aí deveria nos atingir um pouco mais forte.”
E isso é exatamente o tipo de questão de moralidade que GoT tantas vezes estimula. Como após o brutal Casamento Vermelho da terceira temporada, Tywin Lannister mandar matar os personagens que amamos durante uma festa de casamento é errado se, ao fazê-lo, ele termina uma guerra e salva milhares de vidas anônimas?
Weiss também acrescentou que o fanatismo religioso no acampamento de Stannis adicionou um outro nível ao assassinato de Shireen, que poderia fornecer alguma introspecção em nosso próprio mundo.
“As pessoas que assistem Game of Thrones não veem o mesmo mundo de Stannis e Melisandre,” disse ele. “Para aqueles personagens, a magia é real e funciona. Isso é algo divertido sobre esse gênero porque quando a magia é real e você pode ver com seus próprios olhos na série, abre uma janela para você compreender como era a fé de pessoas que acreditavam em coisas irracionais. Não posso colocar em minha cabeça como essas pessoas operam em nosso mundo, como eles são completamente desligados da maneira que eu processo o mundo. Então, de alguma forma estranha, a fantasia é uma janela para as cabeças de pessoas que fariam algo terrível para uma razão irracional.”