Uncategorized

George RR Martin explica a violência contra mulheres nos livros




George RR Martin finalmente respondeu a pergunta que todos querem fazer: por que há violência gratuita contra mulheres nos livros e na série? Ele deu a resposta para o Entertainment Weekly.

“Para ser não-sexista, isso significa que você precisa retratar uma sociedade igualitária?” disse George, respondendo à crítica que seu mundo fantástico de Westero não precisaria ser tão violento ou patriarcal. “Isso não é de nossa história; é algo para ficção científica. E a América do século 21 também não é igualitária.”

George RR Martin apontou que seus livros são baseados na Idade Média, “não é um tempo de igualitarismo sexual”, e o mesmo pode ser dito sobre guerras.

“Se você for escrever sobre a guerra, e você simplesmente quiser incluir todas as batalhas legais e heróis matando um monte de Orcs e coisas do tipo e você não quer retratar violência sexual, então há algo fundamentalmente desonesto sobre isso,” argumentou. “Estupro, infelizmente, ainda é uma parte da guerra hoje em dia.”

E o problema não é apenas sobre honestidade. “O drama nasce do conflito,” disse ele. “Se você retrata uma utopia, então você provavelmente escreveu um livro muito chato.”

Leia o relato completo de George RR Martin abaixo:

“Os livros refletem uma sociedade patriarcal baseada na Idade Média. A Idade Média não foi um tempo de igualitarismo sexual. Foi muito classista, dividindo as pessoas em três classes. E eles tinham ideias fortes sobre os papéis das mulheres. Uma das acusações sobre Joana d’Arc, que foi queimada na fogueira era que ela usava roupas de homem – e isto não era uma coisa pequena. Havia, é claro, algumas mulheres fortes e competentes. Ainda não altera a natureza da sociedade. E se você olhar para os livros, os meus heróis e personagens que dão seus pontos de vista são todos desajustados. Eles são discrepantes. Eles não se encaixam nos papéis que a sociedade deu para eles. Eles são ‘aleijados, bastardos e pessoas quebradas’ – um anão, um cara gordo que não pode lutar, um bastardo e mulheres que não se encaixam confortavelmente nos papéis que a sociedade deu (embora também hajam aquelas que se encaixam, como Sansa e Catelyn).

Mas há pessoas que vão dizer, ‘Bem, ele não está escrevendo história, ele está escrevendo fantasia – ele colocou dragões, ele deveria ter feito uma sociedade igualitária.’ Só porque você coloca dragões não significa que você pode colocar qualquer coisa que quiser. Se porcos poderiam voar, então esse é o seu livro. Mas isso não significa que você também quer que as pessoas andem com as mãos em vez de seus pés. Se você estiver indo fazer um elemento de fantasia, é melhor fazer apenas um deles, ou alguns. Eu queria que meus livros fossem fortemente baseados na história e mostrassem como a sociedade medieval era, e eu também estava reagindo a uma série de ficção de fantasia. A maioria das histórias retratam o que eu chamo de ‘Idade Média da Disney’ – existem príncipes e princesas e cavaleiros de armaduras brilhantes, mas não mostram o que essas sociedades significaram e como funcionavam.

Eu tenho milhões de leitoras mulheres que amam os livros, que vêm até mim e dizem que amam as personagens femininas. Algumas amam Arya, outras amam Dany, outras amam Sansa, outras amam Brienne, outras amam Cersei – há milhares de mulheres que amam Cersei apesar de suas falhas óbvias. É um argumento complicado. Para ser não-sexista, isso significa que você precisa retratar uma sociedade igualitária? Isso não é da nossa história, é algo para ficção científica. E a América do século 21 não é igualitária, também. Ainda há barreiras contra as mulheres. É melhor do que era antes. Não é mais nenhum ‘Mad Men’, que era na minha vida.

E depois há toda a questão da violência sexual, pela qual eu tenho sido criticado também. Estou escrevendo sobre guerra, que é o assunto de quase toda fantasia épica. Mas se você está escrevendo sobre a guerra, e você deseja incluir todas as batalhas legais e heróis matando um monte de orcs e coisas assim e você não retratar violência sexual, então há algo fundamentalmente desonesto sobre isso. Estupro, infelizmente, ainda é uma parte da guerra hoje. Não é um forte testemunho da raça humana, mas eu não acho que devemos fingir que não existe.

Eu quero retratar luta. O drama nasce do conflito. Se você retratar uma utopia, então você provavelmente escreveu um livro muito chato.”